Costa apresenta César como “nº 2 do Governo” a partir da bancada parlamentar

Na reunião com a sua bancada, secretário-geral do PS pouco adiantou sobre as negociações à esquerda.

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Carlos César Adriano Miranda

Ferro Rodrigues para Presidente da Assembleia da República e Carlos César para líder parlamentar. A reunião da bancada socialista com o secretário-geral, António Costa, serviu esta quinta-feira, para que este apresentasse aos seus deputados as suas escolhas para a legislatura que esta sexta-feira inicia os seus trabalhos. Ambas as propostas foram recebidas com aplausos  no seio da bancada.

A opção por Carlos César foi justificada pelo secretário-geral, durante o encontro realizado no Parlamento, com a visão que apresentou sobre os próximos quatro anos. Costa explicou que via o líder parlamentar como o “nº 2 do Governo” devido à “forte incidência parlamentar” que um eventual governo por si liderado teria de ter. Nesse ambiente, concretizou Costa, o líder da bancada teria de ter uma “função completamente diferente” dos mandatos anteriores, muito mais focado em negociações com as outras forças políticas representadas no Parlamento.

Na reunião que antecedeu a comissão política do PS, António Costa fez o balanço das negociações para as quais o seu partido o mandatou. Ao que o PÚBLICO apurou, os deputados questionaram o líder sobre o processo, sem que o tom fosse de afronta. O secretário-geral foi, por exemplo, questionado sobre a possibilidade da inclusão de comunistas ou bloquistas no Executivo. Ao que Costa respondeu que o processo estava ainda no âmbito das questões políticas e que, assim, ainda não se tinha ainda sequer debatido a concretização institucional do possível acordo entre o PS e os outros dois partidos da esquerda.

De acordo com relatos vindos da sala, Costa deu conta do “vazio total” que foram os encontros com a coligação, enquanto que sobre as reuniões com os partidos da esquerda, o socialista disse que “estavam a correr bem”. Durante a reunião com os deputados, Costa não estabeleceu sequer um prazo para o fim das reuniões em curso com o PCP e o BE.

Entretanto, no arranque da comissão política do PS, o representante da corrente sindical socialista na CGTP,  Carlos Trindade, fez questão de manifestar o apoio “completo e total” do seu conselho nacional em relação a um Governo de esquerda. Trindade classificou a procura do acordo com PCP e BE como a manifestação da “posição autónoma e estratégica” do PS e que “uma outra solução levaria a convulsões internas dentro do PS”.

Vozes discordantes
Mas o ex-membro do secretariado de Seguro, António Galamba, assumiu à mesma hora uma posição diametralmente oposta. “Tenho defendido há muito que quem ganha eleições deve governar” disse o socialista antes de adiantar que estava à espera de “informações em concreto” líder do seu partido sobre as negociações à esquerda.

Antecipava-se por isso que a reunião da comissão política viesse a ser debatida a forma como o PS deveria decidir os próximos passos a tomar. O ex-deputado e ex-líder distrital, Vítor Ramalho, defendeu que perante uma “alteração política” do nível da que estava em cima da mesa, tornava “indispensável ouvirem-se os militantes”. Na mesma linha, Álvaro Beleza sustentou que o PS devia convocar uma comissão nacional e até mesmo convocar um referendo.

Em uníssono, todos se mostraram interessados em ouvir o que Costa tinha para dizer sobre a sua “solução de Governo estável”. Aí, Álvaro Beleza – ex-membro do secretariado de Seguro que defendeu logo após as eleições que o PS devia manter-se na oposição – admitiu encarar a possibilidade de um Governo de esquerda na eventualidade do “PCP e BE aceitarem o essencial do programa do PS”.

Mas antes disso, o PS tem outras batalhas pela frente. A eleição do líder parlamentar deverá realizar-se na próxima semana. César deverá aproveitar esse intervalo de tempo para convidar os vices que o acompanharão no comando da bancada.

Já esta sexta-feira, o nome de Ferro Rodrigues irá a votos na eleição para Presidente do Parlamento. O ex-secretário-geral do PS disse esperar um "consenso alargado" em torno do seu nome para ser eleito para depois poder "prestigiar a democracia". "Espero poder contribuir para o prestígio do parlamento, para o prestígio da democracia, num quadro de tendência de valorização do trabalho de todos os deputados, independentemente dos partidos que representam", disse o último líder parlamentar do PS.

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