Douro Internacional com novo projecto para salvar aves ameaçadas

Projecto financiado pela União Europeia visa reforçar as populações de águia-perdigueira e de abutre-preto, espécies em risco de extinção.

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Abutre-preto está classificado como 'em perigo' no território europeu Pedro Cunha/Arquivo

Nove entidades ibéricas ligadas à conservação da natureza revelaram nesta quinta-feira que estão a desenvolver um projecto para reforçar as populações de aves rupícolas no Douro Internacional como a águia-perdigueira e o britango.

"Com uma duração de quatro anos, o projecto pretende implementar acções que visam reforçar as populações de águia-perdigueira e britango na área transfronteiriça do rio Douro, através da redução da mortalidade destas aves e do aumento do seu sucesso reprodutor", disse à Lusa o coordenador da iniciativa, Domingos Leitão, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

O abutre-preto e o milhafre-real são espécies também beneficiadas por este novo projecto, designado LIFE Rupis. Os oito parceiros da SPEA são a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Junta de Castilla y León, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, a Vulture Conservation Foundation (Fundação para a Conservação do Abutre-preto), EDP Distribuição e GNR.

O britango e a águia-perdigueira estão em perigo de extinção, tanto em Portugal como em Espanha. "O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como 'em perigo' no território europeu, onde as suas populações registaram um decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de 'habitat'", explicou Domingos Leitão. Já a água-perdigueira tem um estatuto de "quase ameaçada" na Europa, devido ao decréscimo populacional e à pressão sobre as suas populações.

"Na área abrangida pelo projceto existem 13 casais de águia-perdigueira e uma das mais importantes populações de britango da Península Ibérica, com 116 casais.

Segundo os promotores, o LIFE Rupis é um dos mais recentes projectos financiados pela União Europeia a decorrer em território português e espanhol, mais concretamente na Zona de Protecção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda e na ZEPA de Arribes del Duero. Este é um projecto transfronteiriço, com acções "concertadas" dos dois lados da fronteira.

Entre as várias acções destaca-se a alimentação artificial dirigida ao britango, baseada numa rede de alimentadores fixos e móveis, que irá permitir o aumento da disponibilidade de alimento perto dos locais de reprodução da espécie. "Pela primeira vez em Portugal vão ser marcados britangos com emissores de satélite, para seguimento à distância e investigação dos seus hábitos dispersivos e migratórios", enfatizou Domingos Leitão.

Serão desenvolvidas "acções pioneiras" de combate ao uso ilegal de venenos, com equipas da GNR que utilizam cães treinados, serão corrigidas linhas elétricas com equipamentos anti-electrocussão e anticolisão de aves dos dois lados da fronteira e será elaborado um plano de acção transfronteiriço para a conservação do britango.

Serão geridos mais de mil hectares de habitats importantes para as espécies alvo e criada uma cerca móvel para alimentação de aves necrófagas, para reforçar territórios com escassez acentuada de alimento.

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