Faustin Linyekula dá um pulinho a Paris antes de aterrar em Lisboa

Artista na Cidade 2016, em Lisboa, o coreógrafo e bailarino congolês toma conta a 23 e 24 de Outubro da Fondation Cartier, em Paris. A carta-branca para se apresentar nas Soirées Nomades será preenchida por duas propostas.

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Em 2016, Faustin Linyekula sucederá a Anne Teresa de Keersamaeker (2012) e Tim Etchells (2014) como Artista na Cidade

Antes da sua chegada a Lisboa na condição de Artista na Cidade 2016, o coreógrafo e bailarino congolês Faustin Linyekula e os seus Studios Kabako tomam conta a 23 e 24 de Outubro da Fondation Cartier, em Paris. A carta-branca para se apresentar nas Soirées Nomades será preenchida por duas propostas

Sexta-feira terá lugar The Kin-Philly Connection, que é como quem diz que a dança e a música de Kinshasa, da República Democrática do Congo, se juntarão à dança e à música nascidas na cidade norte-americana de Filadélfia para uma sessão de improvisação inédita. Ao hip-hop, ao ndombolo e às electrónicas trazidas a palco por King Britt e Pytshens Kambilo, corresponderão os movimentos dos bailarinos Raphael Xavier, Jerry Valme e Dinozord. A Linyekula caberá, previsivelmente, o papel de dirigir este encontro entre várias culturas e linguagens distintas, procurando identificar e explorar pontos de encontro e de conflito.

A noite de sábado será ocupada pelo espectáculo Fanfare Funérailles, criação do também coreógrafo e bailarino Papy Ebotani a partir de um texto de Dorine Mokha. Numa performance a meio-caminho entre a dança e o teatro, três bailarinos e quatro músicos convidarão o público a segui-los pelo edifício da Fondation Cartier enquanto vão expondo uma reflexão artística sobre “os novos rituais urbanos de luto que se desenvolveram nos últimos anos no contexto urbano das ruas de Kinshasa”. Em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, onde Ebotani (membro dos Studios Kabako) apresentou já Fanfare Funérailles, as ruas da cidade foram invadidas por esta peculiar evocação de um novo tipo de procissões funerárias congolesas, em que as práticas religiosas se fundem com a música popular do momento e comportam tanto dor quanto humor.

Em 2016, Faustin Linyekula sucederá a Anne Teresa de Keersamaeker (2012) e Tim Etchells (2014) como Artista na Cidade, espalhando a sua obra por várias salas lisboetas e encetando várias colaborações com artistas e instituições da cidade. Logo a abrir o ano, em Janeiro, o coreógrafo apresentar-se-á no Teatro Camões, com Portrait Series: I Miguel.

Linyekula, nascido no então Zaire em 1974, diz-se um contador de histórias que usa a dança como veículo de partilha. Le Cargo, peça que apresentou em Lisboa em Maio de 2014, no âmbito do festival Alkantara, partia precisamente dessa evidência: a aceitação de que sempre que se propõe dançar “apenas” as histórias acaba por falhar e ceder à palavra. Desde 2003, Linyekula tem-se apresentado regularmente em Lisboa, nas programações dos festivais Danças na Cidade e Alkantara, assim como do Teatro Maria Matos.

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