Exército sírio avança em Alepo com apoio russo e iraniano

Em dois dias, forças pró-Assad conquistaram várias aldeias a sul da cidade. Civis fogem dos bairros sob controlo dos rebeldes.

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Imagens divulgadas por Moscovo de um ataque aéreo na província de Hama Ministério da Defesa russo/Reuters

Apoiado no ar por aviões russos e em terra por militares iranianos, guerrilheiros do Hezbollah libanês e milicianos iraquianos, o Exército sírio precisou de apenas dois dias para avançar vários quilómetros em direcção a Alepo e tomar aldeias que há meses estavam em poder dos rebeldes.

A ofensiva prometida há meses avançou sexta-feira, duas semanas depois de a Rússia ter entrado no conflito com bombardeamentos que, mais do que os jihadistas do Estado Islâmico, têm como alvo a rebelião síria que acossa as forças do regime no Oeste do país.

“Os russos fizeram chover bombas sobre nós, incluindo nas zonas civis”, disse ao jornal Guardian Zakaria Malafji, um combatente do Exército Livre da Síria, uma heterogénea coligação de forças, hoje ensombrada pelo domínio dos movimentos islamistas. Depois de na sexta-feira, as forças leais ao Presidente Bashar al-Assad terem avançado seis quilómetros em direcção a Alepo, no sábado conseguiram tomar cinco aldeias e várias colinas nos campos a sul da cidade, estando já às portas da localidade estratégica de al-Hadar, adiantou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. “A tomada desta localidade, 25 km a sul de Alepo, permitirá salvaguardar uma linha de abastecimento do Exército com a província de Hama”, disse à AFP Rami Abdel Rahman, director desta ONG.

Grande parte da província de Alepo está nas mãos de uma coligação encabeçada pela Al-Nusra, o braço da Al-Qaeda na Síria, com o regime a deter pouco mais de que uma estreita faixa que lhe garantia a chegada de mantimentos aos bairros da metade oeste da cidade, sob seu controlo. Os jihadistas avançam pelo Norte, cercando várias bases militares.

Mas o equilíbrio de forças, que criou uma das frentes mais estagnadas do conflito, alterou-se com o início da intervenção russa, que abriu também caminho a uma participação mais aberta do Irão. A oposição diz que a aviação de Moscovo lançou mais de 80 ataques aéreos sobre as planícies a sul de Alepo desde sexta-feira e responsáveis norte-americanos asseguram que o Exército sírio está a ser apoiado por uma brigada iraniana, composta por quase dois mil homens, além de centenas milicianos libaneses e iraquianos.

Teerão confirmou no sábado ter reforçado o número de “conselheiros militares” enviados para a Síria e no Iraque, respondendo ao pedido de ambos os governos para apoiar as forças locais “na luta contra o terrorismo”. Moscovo confirmou ter efectuado 39 ataques aéreos só no sábado, dizendo ter atingido meia centena de alvos do Estado Islâmico em quatro províncias do Centro-Oeste, onde a presença dos jihadistas é residual.

Dentro dos muros de Alepo, os rebeldes confirmaram ter recebido nos últimos dias armamento, incluindo mísseis antitanque, dos seus aliados árabes e ocidentais. Mas se os combates ainda estão longe, os bombardeamentos puseram em fuga cerca de duas mil famílias que resistiam ainda nos bairros da metade leste daquela que foi, até 2012, a capital comercial da Síria, agora em ruínas.

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