Nuno Markl: "O Netflix faz de nós directores de programas”

Os espectadores portugueses vão poder ver as séries e os filmes que quiserem, quando quiserem e em vários ecrãs. “É o fim da televisão tradicional”, diz o humorista ao PÚBLICO.

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Nuno Markl usa o Netflix desde 2013 Miguel Manso

Nuno Markl é um confesso utilizador do serviço que pode mudar a forma como vemos televisão e que chega quarta-feira a Portugal – o Netflix. A relação de Nuno Markl com o Netflix começou há algum tempo – foi em 2013 que publicou na sua página de Facebook um guia sobre como ter o serviço em Portugal “e ser mais feliz”. “Tudo o que lia na Internet levava-me a crer que estava ali uma revolução, e como geek incorrigível e fã de cinema e televisão, senti que tinha de experimentar”, explica.

A impaciência levou-o a configurar uma VPN (Rede Privada Virtual) para mascarar a sua localização, perimitindo ao sistema assumir que está em território norte-americano. Depois, criou uma conta no Netflix e por poucos euros por mês começou a usar o serviço. “Subscrevi o Netflix americano dessa forma meio enviesada e fiquei fã: aquilo é, de facto, uma revolução.” Agora, desactivou essa conta para poder criar uma no Netflix português, assim que o serviço arranque oficialmente por cá – já nesta quarta-feira, dia 21.

O Netflix tem-lhe dado horas e horas de entretenimento. A grande vantagem é que o serviço “faz de nós os nossos próprios directores de programas: construímos a nossa grelha, vemos as coisas ao nosso ritmo”. “Se um dia nos passar pela cabeça fazer uma maratona e ver uma série inteira do primeiro ao último episódio sem interrupções, vemos!”

Mas o Netflix é também uma produtora, que está por trás de séries populares como House of Cards (emitida no TVSéries ao ritmo dos Estados Unidos; a SIC transmite actualmente apenas a segunda temporada) ou Orange Is The New Black (a passar no Netflix).

Markl mostra-se muito entusiasmado com essa faceta: “O caso do Unbreakble Kimmy Schmidt é um exemplo perfeito: a Tina Fey propôs a série à NBC depois do 30 Rock (Rockefeller 30), a NBC rejeitou-a por achar que era uma série demasiado estranha e o Netflix abraçou o projecto. Esse trabalho de alternativa profunda às televisões, mesmo nesta parte de financiamento e produção de projectos, é fantástico”.

O entusiasmo cresce ao falar da possibilidade de o Netflix vir também a produzir conteúdos por cá: “Pode ser genuinamente um novo canal para os criadores encaminharem projectos que não tenham lugar nos canais tradicionais”.

Mas o Netflix também tem pontos fracos, aponta. Markl lamenta que o serviço não passe as séries da HBO. Quanto ao facto de o catálogo do Netflix português ser mais reduzido do que o americano, não se mostra preocupado. “Dado que o meu tempo é cada vez mais curto, acho que me ficarei alegremente pelo português”, confessa.

Por tudo isto, não hesita em dizer aos portugueses potenciais utilizadores do serviço para avançarem e não protestarem contra o preço. “Isto parece publicidade, mas a verdade é que o Netflix é uma alternativa válida e barata à pirataria. Está-se a pagar um serviço e o trabalho dos criadores de conteúdos e a estimular-se a produção de mais conteúdos com uma assinatura mensal baixa. Parece-me justíssimo”.

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