UBI garante financiamento para novo centro de investigação

Centro de computação em nuvem era um dos três apadrinhados pelo Governo, no Verão, mas acordo ficou por assinar por não incluir dotação de 1,5 milhões de euros anuais.

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Adriano Miranda

A Universidade da Beira Interior (UBI) e a Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C) já assinaram o memorando de entendimento para a criação de uma nova unidade de investigação científica naquela instituição de ensino superior. Este centro de competências, que se especializará na área da computação em nuvem, era um dos três apadrinhados pelo Governo de Pedro Passos Coelho em instituições de ensino superior do interior do país, mas o acordo não tinha sido concretizado, em Agosto, uma vez que não incluía a dotação orçamental de 1,5 milhões de euros anuais.

A CCDR-C, responsável pelo financiamento ao novo centro de investigação através de fundos comunitários, tinha considerado que o projecto da UBI precisava de “amadurecimento”. “Não posso afectar verbas a um projecto enquanto não tiver a certeza de que todas as suas dimensões estão bem estabelecidas”, justificava então ao PÚBLICO a presidente daquele organismo, Ana Abrunhosa. Por esse motivo, o órgão de coordenação regional tinha recusado incluir a especificação do financiamento a atribuir à unidade científica no memorando de entendimento que devia ter sido assinado em Agosto. A ausência da verba levou o reitor da UBI a recusar rubricar o documento ao mesmo tempo que as outras duas instituições integradas nesta iniciativa, a Universidade de Évora e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O impasse foi, entretanto, ultrapassado e o acordo entre a UBI e a CCDR-C foi assinado no mês passado, ainda antes das eleições legislativas, e inclui a garantia de um financiamento de 1,5 milhões de euros ao centro de competências da universidade com sede na Covilhã. Em relação ao documento original, deixa de constar da designação da unidade de investigação a área da saúde, valorizando-se apenas as áreas das tecnologias de informação e comunicação e em particular a computação em nuvem. “A saúde é uma das áreas em que o cloud computing se aplica e vai continuar a ser desenvolvida, só não terá tanto destaque”, justifica o reitor da UBI, António Fidalgo.

O mesmo responsável classifica as alterações feitas ao memorando de entendimento que permitiram resolver o impasse criado no Verão como “pequenos ajustes”. “No essencial ficou tudo igual”, afirma, incluindo a inclusão da PT como uma das empresas associadas ao novo centro, apesar da fase de reestruturação por que passa a empresa de telecomunicações.

O projecto da UBI prevê um papel central para o Data Center da Covilhã, centro de processamento de dados que pertence à PT, uma vez que esta é uma “infra-estrutura única a nível nacional”, que pode servir como “ponto de confluência” com outras instituições de ensino superior em termos de investigação na área das tecnologias da comunicação, acredita António Fidalgo.

O centro de competências em computação em nuvem é um dos três novos centros de investigação, especializados numa área relacionada com a economia das respectivas regiões. A nova estratégia do Governo PSD-CDS-PP para a ciência prevê que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro se especialize na vinha e no vinho, capitalizando o facto de estar sediada no Douro, e a Universidade de Évora nos sectores da agricultura, água e energia como prioritários, beneficiando da relação com a barragem do Alqueva.

O Governo anunciou que os três centros têm financiamento garantido, no âmbito do Portugal 2020, para um período que pode ir até seis anos. Numa primeira fase, cada estrutura recebe um financiamento de 150 mil euros, devendo indicar uma comissão de especialistas internacionais, que serão responsáveis por delinear as respectivas estratégias e seleccionar o quadro de investigadores e o director de cada centro, que se pretende seja um investigador reconhecido na área. A partir daí, cada centro poderá captar fundos comunitários através dos programas operacionais regionais, através de convites que serão endereçados por cada CCDR, com valores que variam entre os 1,5 e 2 milhões de euros anuais.

O lançamento desta nova estratégia para a ciência surge depois de um ano marcado pelas críticas ao desinvestimento do Governo no sector, sobretudo com a avaliação dos centros de investigação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tutelada por Nuno Crato. Esse processo excluiu cerca de metade dos centros de investigação e atingiu especialmente as estruturas do interior do país.

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