PSP faz maior apreensão de heroína da sua história

Mais de 40 quilos apreendidos numa operação em Lisboa e na Amadora. Foram detidos dois homens.

Fotogaleria
A heroína apreendida tem um valor estimado no mercado a rondar o milhão de euros Rui Gaudêncio
Fotogaleria
A heroína apreendida tem um valor estimado no mercado a rondar o milhão de euros Rui Gaudêncio

A Polícia de Segurança Pública (PSP) aprendeu mais de 42 quilos de heroína na zona de Lisboa e da Amadora, que se estima que seriam suficientes para 423 mil doses individuais deste estupefaciente. Este valor faz desta apreensão a maior de sempre realizada por esta polícia a nível nacional. Foram também apreendidos 76.300 mil euros em dinheiro e detidos dois homens, de 47 e 33 anos, respectivamente o vendedor e o comprador do produto.

“No passado dia 13 de Outubro, a PSP, através da Divisão de Investigação Criminal, procedeu à detenção de dois indivíduos, de 33 e 47 anos, pelo crime de tráfico de estupefacientes. Estas duas detenções foram o culminar de uma investigação de mais de seis meses e permitiu realmente fazer uma apreensão que se cifra como a maior de sempre de heroína feita pela PSP”, adiantou o comandante da Divisão de Investigação Criminal de Lisboa da PSP, Carlos Resende da Silva, nesta quinta-feira, numa conferência de imprensa sobre os resultados desta acção.

De acordo com as informações avançadas pelo intendente, as autoridades perceberam que “iria ocorrer uma transacção que permitira abastecer a área da Grande Lisboa com uma quantidade substancial de heroína e foi montado o dispositivo com o auxílio da Unidade Especial de Polícia e que permitiu fazer a intersecção quer do comprador de uma parte da droga, quer do vendedor”. Ambos foram já presentes a tribunal para primeiro interrogatório judicial e foi-lhes decretada a medida de coacção máxima: prisão preventiva.

Carlos Resende da Silva explicou que não foram apreendidas quaisquer armas. Além da droga, a PSP aprendeu 76.300 euros em dinheiro. Quanto à heroína, o comandante informou que as mais de 423 mil doses têm um peso de 42 quilos, o que faz desta apreensão a maior de sempre desta polícia. Até agora, o maior peso de heroína tinha sido apreendido em 2012, altura em que a PSP conseguiu interceptar 28 quilos. Depois disso, em 2014, conseguiu fazer uma apreensão de 22 quilos de heroína.

As detenções ocorreram na zona de Lisboa, uma em Telheiras e outra na Amadora. “A droga estava na posse dos detidos, nomeadamente nas viaturas em que se faziam transportar”, acrescentou o responsável da PSP. O comprador da droga é português e tem antecedentes por tráfico de droga. O vendedor tem passaporte europeu, mas a PSP desconhece os seus eventuais antecedentes criminais. A proveniência da droga não foi apurada no âmbito desta investigação, mas tudo indica que tenha entrado em Portugal por via terrestre.

Consumo a descer
O comandante escusou-se a adiantar o valor da droga, argumentando que não querem “fazer publicidade comercial a esta actividade ilícita”. No entanto, segundo apurou o PÚBLICO, o produto tem um valor no mercado que ultrapassa um milhão de euros. Questionado sobre se estas apreensões indicam que o consumo de heroína está a aumentar, Resende da Silva rejeitou essa hipótese. “Esta quantidade permitiria abastecer o consumo na Grande Lisboa durante alguns meses, mas o facto de haver mais apreensões ou apreensões de maior quantidade não significa necessariamente que esteja a haver mais transacções; significa é que as investigações se desenvolvem de forma a ter este resultado”, concluiu.

Os últimos dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, publicados já em 2015 e relativos a 2013, apontam para uma redução do número de consumidores de heroína em Portugal. Metade (48,7%) das cerca de duas mil pessoas que, em 2013, procuraram tratamento pela primeira vez, em regime de ambulatório, por questões relacionadas com drogas, referiu a cannabis como a principal substância que consumiam. Tradicionalmente, era a heroína a droga mais mencionada. O ponto de viragem deu-se em 2012, quando 38% dos recém-chegados ao sistema tinham referido a cannabis como a sua principal droga.

Sugerir correcção
Comentar