Os graffiti árabes que enganaram a Segurança Nacional

Três street artists árabes convidados para decorar o cenário da quinta temporada espalharam mensagens subversivas pelas parede a dizer que a série é racista. O episódio em que os graffiti aparecem vai para o ar esta quinta-feira.

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O graffiti diz, segundo os autores, "Segurança Nacional é racista" DR
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Carrie Mathison a passar por um dos graffiti DR

A FOX emite esta quinta-feira à noite o episódio 2 da quinta temporada da série norte-americana Segurança Nacional (Homeland), que foi emitido no domingo nos EUA e está envolto em polémica. Os produtores da série, que segue o percurso da agente da CIA Carrie Mathison, convidaram um grupo de street artists para tornar o cenário mais autêntico através de alguns graffiti nas paredes. Os artistas cumpriram o que lhes foi pedido, mas fizeram-no de uma forma inesperada, recorrendo a mensagens subversivas. As imagens aparecem no episódio de hoje.

A quinta temporada da série foi filmada em Berlim e desenvolve-se num campo de refugiados sírio ficcional. Foi esse cenário que os street artists Heba Amin, Caram Kapp e Stone decoraram. Na quarta-feira, publicaram uma declaração online intitulada “STREET ARTISTS ÁRABES: Porque pirateámos uma série premiada?”, em que defendem que a série tem uma mensagem racista e reprovam a inexactidão com que retrata árabes, paquistaneses e afegãos. Nos graffiti pode ler-se “Segurança Nacional é racista”, “Segurança Nacional é uma anedota e não nos fez rir” e “#asvidaspretasinteressam”.

Como os artistas explicam na declaração, foi o momento de mostrar o descontentamento que sentiam: “Dada a reputação da série, não fomos facilmente convencidos, até nos lembrarmos que podia ser um momento de intervenção quanto ao descontentamento político com a série".

Segundo os street artists, os produtores da série não se preocuparam com o conteúdo das mensagens. “Aos olhos deles, a escrita árabe é um mero complemento visual suplementar”. Showtime, o canal que emite a série nos EUA, não emitiu nenhuma declaração quanto à revelação dos artistas, mas ao site Deadline, Alex Gansa, criador da série, lamentou que as imagens não tenham sido retiradas antes do episódio ser emitido. Depois, com elegância, disse que à série só lhe restava saber lidar com o sucedido: "Contudo, como Segurança Nacional luta sempre por ser subversiva por direito próprio e um estímulo para suscitar discussão, não podemos deixar de admirar este acto de sabotagem artística."

A série já esteve no centro de outras polémicas em relação ao seu conteúdo racista. Em Outubro de 2014, o Washington Post criticou o cartaz da quarta temporada que mostrava a personagem principal Carrie Mathison vestida como uma “Capuchinho Vermelho, branca e loura, perdida numa floresta de lobos Muçulmanos sem cara”.

 

 

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