"O PS não está a fazer chantagem absolutamente nenhuma", defende Francisco Assis

Eurodeputado considera que “a melhor solução para o PS e para o país era que o PS assumisse a liderança da oposição na Assembleia da República”.

Foto
Miguel Nogueira

O eurodeputado socialista Francisco Assis defendeu esta quarta-feira que "o PS não está a fazer chantagem absolutamente nenhuma", mas sim a participar num processo negocial, considerando natural que haja actualmente uma divisão no partido já que se colocam várias possibilidades.

"O PS não está a fazer chantagem absolutamente nenhuma. Está a participar num processo negocial nos termos que a direcção nacional entendeu por mais convenientes. Eu neste momento não vou fazer considerações sobre isso. O que desejo é que este processo se desenrole o mais depressa possível e que o país tenha um Governo no mais curto prazo de tempo", respondeu Francisco Assis aos jornalistas no Porto, quando questionado sobre as declarações do primeiro-ministro e líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que hoje recusou sujeitar o país a uma "chantagem política".

Reiterando que "a melhor solução para o PS e para o país era que o PS assumisse a liderança da oposição na Assembleia da República", Francisco Assis anuiu à ideia de que o PS está dividido e foi peremptório: "É natural que quando se colocam várias possibilidades, como é o caso, surjam várias opiniões e vários pontos de vista e nesse sentido podemos falar de divisão - é natural que assim seja. Seria estranho que todos tivessem exactamente a mesma posição".

Na opinião do eurodeputado, os socialistas são "suficientemente maduros e têm suficiente experiência política e sentido de responsabilidade" para saberem "conviver uns com os outros e respeitar a decisão final, seja ela qual for". Francisco Assis defendeu por isso que o PS, depois de se assumir como líder da oposição, deveria manifestar "disponibilidade, a partir do seu lugar no Parlamento, para falar quer com o Governo da coligação, quer com os partidos situados à sua esquerda".

Questionado sobre uma eventual candidatura à liderança socialista, o eurodeputado recordou que, poucos dias antes das eleições legislativas, disse que não estava no seu "horizonte pessoal ser candidato a secretário-geral do PS". "Neste momento, é uma questão que nem sequer se coloca. É extemporânea. Se a pergunta é extemporânea, a resposta é que então ainda seria mais extemporânea. Não vou falar de uma coisa que não se coloca, que não existe. O país tem outros problemas, o partido tem outros problemas e esses é que devem ser tratados", enfatizou, recusando estar a criar um tabu.

O cabeça de lista pelo PS nas europeias de 2014 concorda com a ideia de um congresso depois das eleições presidenciais. "Fui das primeiras pessoas a dizer isso. Na semana passada nem estava cá, estava em Estrasburgo, e tive oportunidade de dizer isso mesmo: que achava que a questão da liderança neste momento era completamente extemporânea", reiterou, defendendo a necessidade de canalizar as energias do partido para as eleições presidenciais do próximo ano.

Assis considerou que "o PS é um grande partido, com uma longa história, habituado a enfrentar dificuldades" e que vai enfrentar mais esta, conseguindo, "no final, garantir a unidade do partido, como não podia deixar de ser". "Só quem não sabe nada do que se passa ou passou na Grécia nos últimos anos é que pode fazer qualquer comparação entre Portugal e a Grécia, ou qualquer comparação possível entre o PS e o PASOK", criticou.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários