Fachada do cineteatro de Ovar poderá ser uma porta para o parque urbano

O cineteatro é um imóvel com interesse arquitectónico, dos anos 40 do século passado. Deixou de funcionar como sala de cinema na década de 80 e lentamente foi definhando.

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Paulo Pimenta

O cineteatro de Ovar, imóvel em risco de derrocada no centro da cidade, poderá ter um novo destino. A fachada do edifício inaugurado no final de 1944, com uma sala de espectáculos com cerca de mil lugares e um salão de festas, poderá funcionar como uma nobre entrada do parque urbano ovarense. O resto será demolido. A ideia existe, faz parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Ovar que a câmara candidatou a fundos comunitários, mas só avançará se estiverem reunidas algumas condições. Se a candidatura for aprovada em Bruxelas, o que se deverá saber antes do fim do ano, se os vários proprietários do cineteatro aceitarem vender o equipamento com cerca de 1400 metros quadrados, e se houver acordo quanto ao valor dessa aquisição, que terá então de ser discutido.

“Gostaríamos de dignificar a entrada do parque urbano”, revela o presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro. Além da recuperação e manutenção da fachada, há vontade de criar ali um conjunto de serviços ligados ao turismo com informações sobre hotelaria, restauração, e divulgação de produtos regionais.

“A ideia ainda não pode ser apresentada como facto consumado. Gostaríamos de adquirir o cineteatro, demolir a parte traseira e na parte frontal termos uma grande entrada para o parque urbano”, concretiza o autarca. A demolição permitiria dar maior projecção ao parque verde, desenhado pelo arquitecto paisagista Sidónio Pardal e que foi inaugurado no início de 2013, e outra visibilidade à igreja da cidade.  

O cineteatro é um imóvel com interesse arquitectónico, dos anos 40 do século passado. Deixou de funcionar como sala de cinema na década de 80 e lentamente foi definhando, perdendo condições de segurança, e recebendo pontualmente algumas iniciativas culturais como o emblemático encontro de trupes ovarenses ou o Ovarvídeo que ainda ali aconteceu em 2008. Entretanto foi posto à venda pelos proprietários e uma petição surgiu, na altura, para pedir à autarquia que encetasse todos os esforços para que o cineteatro ficasse de pé e funcionasse como um centro cultural, ou como escola de artes, ballet, música, teatro. “É um verdadeiro desperdício e uma enorme perda para o nosso concelho”, lia-se na petição. Em 2009, o Centro de Artes de Ovar, construído de raiz, abria as portas e a cidade ficava servida com um espaço cultural. O cineteatro continua de portas fechadas há vários anos, cenário que poderá mudar com esta ideia de reconversão.

No plano estratégico que Ovar apresentou ao programa Portugal 2020, avaliado em cerca de seis milhões de euros, há mais projectos pensados para o desenvolvimento do concelho como a requalificação da zona da estação de comboios, a criação de uma ciclovia até à Murtosa, e a requalificação do antigo bairro do SAAL em Cortegaça, entre outros.

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