Riqueza cresceu a nível mundial mas caiu em Portugal nos últimos 15 anos

Credit Suisse aponta também para o aumento da riqueza da classe média a nível mundial desde o início do milénio.

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Credit Suisse refere que apenas 14% da população mundial pertence à classe média. AFP PHOTO / FILES / Peter PARKS

Em média, a riqueza mundial cresceu em média a um ritmo de 2% por ano desde o início do milénio. No entanto, a tendência verificada em Portugal é inversa, fazendo parte do grupo de seis países que registam um valor negativo neste indicador.

A conclusão é do sexto Global Wealth Report (Relatório sobre a Riqueza Mundial), produzido pelo Credit Suisse e tornado público esta terça-feira.

Em Portugal, a taxa média de crescimento da riqueza aponta para uma contracção de 0,4% por ano desde 2000 e apenas a Grécia, com uma contracção de 1,5% ao ano, regista pior desempenho na União Europeia. Fora da Europa, só Turquia, Argentina e Egipto registam piores índices de crescimento da riqueza. O estudo refere que a presença de países europeus entre os dez piores desempenhos “sugere que a Zona Euro não se saiu bem” neste período.

O topo desta tabela é ocupado pela China, tendo sido o único país que, ao longo dos quinze anos, manteve um índice de crescimento de riqueza acima dos 5%.

O Credit Suisse calcula que apenas 14% da população adulta mundial se enquadre no que considera a classe média, sendo nos Estados Unidos onde se verifica uma maior percentagem da população adulta pertencente a esta camada (39%), seguindo-lhe a Europa (um terço). O banco calcula que, em Portugal, 44,4% da população adulta pertença à classe média, mas não estabelece a evolução ao longo dos anos.

A entidade bancária entende como pertencentes à “classe média” indivíduos detentores de uma riqueza entre os 50 mil e os 500 mil dólares (43,9 mil e 439,4 mil euros), sendo que estes valores são ajustados conforme a região do globo de acordo com o poder de compra e ao longo do tempo, para reflectirem a inflação.

Com enfoque no desenvolvimento da classe média desde a viragem do século, o estudo da entidade bancária conclui que que o tamanho e a riqueza da classe média cresceu rapidamente e a nível global antes da crise económica.

A classe média afigura-se como detentora de 32% da riqueza global. O valor da riqueza da classe média duplicou para 80,7 biliões de dólares entre 2000 e 2015.

Até 2007, registou-se um ritmo de crescimento de 9,4%, tendo esta percentagem baixado para 4,4% a partir de 2008. Está também patente que, desde então, a crescente desigualdade “espremeu” parte da riqueza em todas as regiões do globo.

Do crescimento da desigualdade a partir de 2008 resultou o aumento da concentração da riqueza, com 1% a deter o equivalente a 50,4% da riqueza das famílias.

O estudo regista que em Portugal há 51 mil milionários em 2015, quando em 2014 a anterior edição da mesma publicação apontava para os 76 mil .

O Credit Suisse estima que, até 2020, o número de milionários possa subir 46%, atingindo os 49,3 milhões de indivíduos em todo o mundo. Existindo actualmente 33,7 milhões de milionários, a previsão é que seja em África (73%) e na região da Ásia e Pacífico (66%) que se registe o maior aumento.

Apesar disso, o estudo aponta para que o maior número de milionários continue concentrado na América do Norte e no continente europeu, actualmente com 16,6 e 10 milhões de milionários, respectivamente.

Do ano passado para 2015, a riqueza mundial sofreu uma contracção de 13 biliões de dólares. A Europa foi a região do planeta que perdeu mais riqueza, sendo responsável pelo decréscimo de 10,6 biliões de dólares do total. Não obstante, o Credit Suisse estima que se registe um crescimento anual de 6,6% da riqueza, atingindo 345 biliões de dólares em 2020.

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