Portucel investe mais 159 milhões na produção de papel higiénico e guardanapos para liderar na Europa

Papeleira de Pedro Queiroz Pereira entra oficialmente em novo ciclo de “expansão e diversificação” com duas inaugurações e mais um anúncio investimento para reforçar produção do chamado tissue.

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Numa cerimónia de inauguração dupla – que começou na fábrica de Cacia, a mais antiga do grupo, e continuou na mais recente aquisição da empresa, a AMS, em Vila Velha de Rodão, cuja aquisição foi formalmente concretizada apenas em Junho - Pedro Queiroz Pereira quis invocar o seu “velho amigo” Ayrton Senna que, tal como ele, considera que “no que respeita à dedicação e à competência, não existe meio-termo”: “Ou é de qualidade, ou não é”.

O presidente do grupo Semapa, que comprou a então empresa pública Portucel em 2004, inaugurou nesta terça-feira os investimentos que vão permitir concretizar o novo “ciclo de expansão e diversificação”, e que tem no segmento do papel tissue, um dos seus principais alvos. Trata-se da entrada da empresa no mercado o papel higiénico ou guardanapos.

Para além do reforço da capacidade de produção em áreas em que é líder – nomeadamente nos chamados papéis finos de impressão e escrita, onde sobressai a marca Navigator, com a maior quota mundial do segmento premium – a Portucel marcou a entrada no tissue com a compra da AMS BR Star Paper S.A. (“AMS”), apresentada como o produtor “mais eficiente e rentável da Península Ibérica”.

Com o objectivo assumido de chegar à liderança europeia do segmento, a Portucel dispõe-se, assim, a disputar quota de mercado à Renova, que vai inaugurar até ao final do ano a primeira fábrica fora de Portugal. A empresa portuguesa, especialista em papel higiénico e conhecida por ter criado o rolo de papel preto, comprou as instalações fabris da Candia, em Saint Yorre, França, e anunciou um investimento de 40 milhões em Torres Novas para aumentar a capacidade de produção de papel em 50% e apostar na qualidade.

Na fábrica de Vila Velha de Rodão, a Portucel investiu 39 milhões de euros com a intenção de duplicar as actuais 30 mil toneladas de papel tissue produzidas por ano, e criar mais 70 postos de trabalho, potenciando o aumento das exportações em 40%. Mas o grosso do investimento neste segmento está anunciado para a fábrica de Cacia, onde serão aplicados 120 milhões de euros numa nova unidade produtiva, que terá uma capacidade de produção de 70 mil toneladas ano.

Cacia com menos “gases mal odorosos”

Para já, e prontos a inaugurar, estão os 56,3 milhões de euros investidos para aumentar em 20% a capacidade de produção de pasta de papel na fábrica de Cacia, e que permitirá aumentar a facturação anual em 30M€. A capacidade produtiva desta unidade fabril passa das 294 para as 353 mil toneladas por ano, usando novos queimadores e fornos de cal adoptados que beneficiarão, também, de novas medidas para a recolha e incineração dos gases com mau cheiro. Entre elas, a utilização de quase 17 quilómetros de tubagens associados à recolha e tratamento destes gases.

A construção destas novas instalações e montagens de equipamentos chegou a envolver mais de 1500 trabalhadores externos, e a sua entrada em funcionamento vai criar cerca de 15 postos de trabalho e potenciar ainda mais 290 postos de trabalho indirectos, na área da silvicultura e da logística. O presidente da Comissão executiva da Portucel, Diogo da Silveira, sublinhou o esforço que o grupo tem vindo a fazer em termos de redução dos impactos ambientais, referindo que, em 12 anos, a fábrica de Cacia conseguiu reduzir para metade o consumo de água e para um terço a emissão de CO2. A chamada energia verde, uma área em que a empresa diz “nem sempre ter sentido apoio” mas na qual continua a apostar – e a produzir -  também vai ser reforçada, com um incremento de quase 10% da produção, para os 336,7 MW/ano.

O impacto económico e ambiental que cada uma das unidades produtivas da Portucel tem não só nas regiões em que se inserem (Cacia, Figueira da Foz e Setúbal) teve durante o ano de 2014 foi alvo de um estudo encomendado pela empresa à KPMG, revelando que as três fábricas do grupo geraram mais de 30 mil empregos a nível nacional e contribuíram, de forma directa ou indirecta, com mais de 2600 milhões de euros para o PIB. Este estudo não incluiu ainda os dados da fábrica de Vila Velha de Rodão, nem da ampliação do complexo industrial de  Cacia.

A estratégia de consolidação da Portucel como uma “grande multinacional de base portuguesa”, como referiu o ministro da Economia Pires de Lima, que preidiu a inauguração, vai implicar ainda um grande investimento florestal em Moçambique, e que atinge os 2,1 mil milhões de euros e ainda 100 milhões para uma fábrica de pellets nos Estados Unidos da América. Com Ana Rute Silva

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