Seis trabalhadores da Air France detidos depois da invasão de reunião

Na passada segunda-feira vários manifestantes interromperam uma reunião onde a direcção apresentava um plano de cortes de 2900 postos de trabalho e arrancaram a roupa a dois executivos.

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AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD

Uma semana depois de um grupo de trabalhadores da Air France ter invadido e interrompido uma reunião entre a direcção da companhia e os sindicatos, seis funcionários da transportadora aérea francesa foram detidos.

A informação avançada pela rádio francesa Europe 1, que cita as autoridades policiais, dá conta de que quatro dos seis trabalhadores foram detidos simultaneamente na madrugada desta segunda-feira em várias localidades da periferia de Paris. Os outros dois funcionários foram detidos mais tarde.

Segundo a estação de rádio, a investigação policial avança que, de entre os seis detidos, cinco pertencem a organizações sindicais. Os trabalhadores foram identificados através de um vídeo.Na passada segunda-feira, 5 de Outubro, a direcção da Air France anunciava um plano de redução de 2900 postos de trabalho nos próximos dois anos quando vários trabalhadores invadiram as instalações e arrancaram a roupa a dois gestores.

Centenas de funcionários manifestavam-se à portas das instalações, no aeroporto Charles de Gaulle, quando um grupo forçou a entrada e interrompeu os trabalhos exigindo a demissão dos dirigentes da companhia aérea.Os trabalhadores chegaram as rasgar a roupa ao director de recursos humanos, Xavier Broseta, e ao vice-presidente da Air France, Pierre Plissonnier, que tiveram mesmo de ser retirados sob escolta.

Os sindicatos já condenaram o modo como foram feitas as detenções. Em reacção, a CGT, uma das principais centrais sindicais francesas da qual fazem parte cinco dos seis detidos, veio dizer que este desenvolvimento é uma forma de ”fazer medo” e de intimidar o pessoal da companhia aérea, numa alusão à hora a que foram feitas as detenções. O secretário-geral do sindicato, Didier Fauverte, disse, citado pela rádio, que “isto [as detenções] não vai acalmar a situação”.

Segundo o Le Monde, os seis trabalhadores estão acusados de agressão. A mesma publicação escreve que a direcção da Air France (que na sequência dos acontecimentos da semana passada avançou que ia apresentar queixa), se recusou a comentar o desenvolvimento do processo.

Já na quarta-feira a France Press avançava que um inquérito interno tinha permitido à transportadora identificar uma dezena de trabalhadores envolvidos. 

O plano de reestruturação da companhia (cujo grupo também detém a KLM) foi divulgado dias antes da reunião com os sindicatos que despoletou a polémica detenção. A empresa anunciou um corte de 300 pilotos, 900 hospedeiras e comissários de bordo e de 1700 elementos do pessoal de terra. No plano da Air France está também prevista a supressão de cinco rotas e a venda de 14 aeronaves até 2017.

Previamente à reunião, o grupo tinha proposto aos trabalhadores o aumento das horas de voo anuais sem qualquer compensação salarial, assim como a redução de folgas. O cenário foi rejeitado por todos os sindicatos.

Desde que o processo ganhou maior repercussão mediática, a companhia aérea tem tentado tranquilizar quem escolhe a Air France para viajar. Através de um email enviado na semana passada aos clientes, a transportadora assegura que os “actos violentos” de segunda-feira “não reflectem nem a realidade nem a ambição” da companhia e esclarece que não houve perturbação dos voos. A empresa explica ainda que, “num mundo altamente competitivo, a Air France precisa de tomar medidas corajosas para garantir o seu futuro”.

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