Baleou a ex-companheira em Abril e matou a prima quando esta ligava para a polícia

Homem foi acusado pelo Ministério Público pelos crimes em Abril deste ano numa pastelaria e vai a julgamento por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e posse de arma proibida. MP diz que não aguentou fim da relação.

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Como em muitos casos de violência contra ex-companheiras, o acusado não aguentou a separação Manuel Roberto

O homem que em Abril deste ano foi detido depois de ter entrado numa pastelaria no Pinhão, concelho de Alijó, Vila Real, e baleado a ex-companheira, de 21 anos, e alvejado mortalmente a prima desta foi recentemente acusado pelo Ministério Público (MP). Vai a julgamento por dois crimes de homicídio qualificado, um consumado e outro tentado, e um crime de detenção de arma proibida. A prima da ex-namorada, de 22 anos, diz agora o MP, foi baleada momentos depois de pegar no telefone para pedir socorro à polícia.

“Não conformado com o fim da relação que mantinha com a sua companheira, que terminara dias antes por iniciativa desta, dirigiu-se ao estabelecimento de pastelaria onde a mesma trabalhava, no Pinhão, Alijó, insistindo exaltadamente em falar com ela, apesar das recusas. Aí sacou de uma pistola de calibre 6,35 milímetros Browning, que portava, e atingiu com um tiro no rosto uma outra empregada da pastelaria, prima da companheira, que procurava contactar telefonicamente as autoridades, matando-a”, refere o MP. A ex-companheira, foi depois atingida com “outros dois [tiros] no rosto e pescoço”, tendo ficado com lesões “muito graves que a impedem de comunicar verbalmente e de se movimentar sozinha”.

Manuel Monteiro, que aguarda o julgamento em prisão preventiva, não terá aguentado a rejeição e terá vigiado durante vários dias os movimentos da ex-namorada de 21 anos. Como então o PÚBLICO noticiou, dias antes dos crimes, o homem foi expulso de casa na sequência de um alegado episódio de violência doméstica. Partilhavam os três o mesmo apartamento, na mesma rua da pastelaria Princesa do Douro.

Os disparos, manhã cedo, sobressaltaram os poucos habitantes daquela rua. “Ouvi dois estrondos, mas nunca pensei que fossem tiros. Pensei que fossem os empreiteiros da vindima que param aqui todos de manhã com os carros”, contou nessa altura Isabel Azevedo, 52 anos, trabalhadora num armazém de vinhos e amiga da jovem que sobreviveu.

Fontes da GNR adiantaram então que o trabalhador rural estava referenciado como suspeito num assalto a uma residência em Baião, de onde é natural. A polícia acreditava também que o apoio dado pela prima à ex-namorada a propósito do fim da relação teria igualmente motivado o homicídio e a tentativa de homicídio. Depois dos crimes que acordaram a pequena localidade, o suspeito fugiu num BMW branco, emprestado por um amigo e percorreu, pela beira-rio quase 40 quilómetros até ao centro de Vila Real. Atirou a pistola ao Douro e dirigiu-se à esquadra da PSP da cidade quando já era seguido pela GNR que lançou o alerta a todas as polícias.

O jovem estacionou calmamente o carro perto da esquadra e abriu os braços no ar quando um investigador da PSP lhe apontou a arma. “Sou eu o autor daqueles crimes. Fui eu que fiz aquilo. Deitei a pistola ao rio”, admitiu perante o agente que o algemou. 

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