Marinho e Pinto admite viabilizar governo da coligação PaF

Líder do PDR está disponível para equacionar “todos os cenários pós eleitorais”.

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Marinho Pinto diz que medida do Governo é “um ajuste de contas pessoais”. Daniel Rocha

O Partido Democrático Republicano (PDR) pode viabilizar um governo da Portugal à Frente, admitiu esta quarta-feira o seu líder, Marinho e Pinto, numa acção de campanha eleitoral, em Setúbal.

Questionado pelos jornalistas, no momento em que tecia duras criticas a PSD, CDS-PP e PS, no Mercado do Livramento, o líder do PDR admitiu esse cenário.

“Nós equacionamos todos os cenários pós-eleitorais”, afirmou Marinho e Pinto. O candidato acrescenta que só tomará uma decisão sobre a política de coligações do partido depois de conhecidos os resultados eleitorais, no próximo domingo.

Sobre o dia seguinte às eleições, o antigo bastonário dos advogados diz não saber, sequer, quem serão os líderes dos maiores partidos, à excepção de Paulo Portas. “Você sabe se António Costa e Passos Coelho são líderes dos seus partidos na segunda-feira?”, pergunta. “Paulo Portas será, porque ele é líder vitalício dessa agremiação”, responde de imediato.

Para o advogado, a política da coligação PSD/CDS-PP é “a política da mentira pura e dura”. O presidente do PDR afirma que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas “só sabem enganar os portugueses, fizeram-no em 2011 e querem enganar agora”.

As críticas do candidato incidiram, sobretudo, no secretário-geral do PS, a quem acusa de ter substituído António José Seguro por estar ao serviço de “poderosas clientelas” partidárias.

“O senhor António Costa não tem credibilidade. António Costa é uma pessoa manejável pelas poderosas clientelas que estão à sua volta. António José Seguro foi corrido por António Costa, não por ganhar por poucos - porque Costa, pelos vistos até ganha por menos -, foi por ter um plano de combate à promiscuidade entre política e negócios, foi por combater as negociatas do senhor Almeida Santos, do senhor Jorge Coelho, do senhor Pina Moura, do senhor Armando Vara, dessa gente toda do Partido Socialista. Foi por isso que correram com ele", disse Marinho e Pinto.

O líder do PDR conclui, por isso, que “o Partido Socialista, neste momento, não é alternativa a nada” e está dominado pelo “desespero de quem vê o terreno a fugir como areia movediça”.

Recepção calorosa
A acção de campanha do PDR no Mercado do Livramento foi a primeira no distrito de Setúbal e saldou-se por uma recepção calorosa. Além de conhecido pela generalidade das pessoas a quem se dirigia, Marinho e Pinto recebeu palavras de incentivo e demonstrações de estima.

“É um fala barato!”, disse um cliente no mercado. “Eu gosto muito de o ouvir falar. E sacode, abana [o sistema]”, acrescentou outro homem. Entre as vendedoras da praça, o acolhimento chegou mesmo a ser afectuoso. Quando Marinho e Pinto se afastava abraçado a um eleitor, uma peixeira gritava atrás dele, sentida: “Às pessoas que gostam de si, você nem bom dia diz!”. Assim que ouve estas palavras, o presidente do PDR volta-se para mais um abraço.

Piedade Mendão, vendedora do mercado há 30 anos, alerta para a fome que diz existir ainda em Setúbal. “Há muito pobreza, crianças a passarem fome e velhinhos que vêm aqui à praça e que queriam levar um bocadinho [de comida] melhor e não podem”.

Já quanto ao sentido de voto, esta peixeira lembra que “o voto é secreto”. Revela somente que vai “votar na esquerda” e que considera Marinho e Pinto “muito de esquerda”.

Momento antes da chegada do líder, o cabeça-de-lista pelo círculo eleitoral de Setúbal mostrava aos jornalistas a sua satisfação por finalmente estar no terreno ao lado do presidente do partido. “É a minha primeira acção de campanha, a dois dias do fim!” disse João Marrana, quadro da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que concorre por Setúbal, apesar de tudo entusiasmado por constatar que “foi possível [Marinho e Pinto] vir a Setúbal”.

E logo que chega, com meia hora de atraso, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados, começa a distribuir segundos de atenção a quem lhe fala ao ouvido, beijos às senhoras, apertos-de-mão e abraços a homens e mulheres, criticas aos outros partidos.

Depois da pergunta de uma jornalista sobre o que falta fazer nos últimos dois dias de campanha eleitoral, Marinho e Pinto disparou sobre Isabel do Carmo. “O que falta fazer é isto; explicar às pessoas que elas é que podem mudar o país, sem revoluções e sem bombas como alguns cabeças-de-lista que punham bombas”, disse, para especificar que “era bom que o Livre/Tempo de Avançar explicasse se a sua cabeça-de-lista por Setúbal [Isabel do Carmo] já se reconciliou com a democracia”.

A passagem da comitiva do partido pelo mercado de Setúbal ficou marcada também pelo confronto verbal com elementos do Movimento Partido da Terra, que estavam à mesma hora no mesmo local. Logo que os dois grupos se cruzaram houve cumprimentos e até elogios recíprocos entre os membros dos dois partidos, mas passado pouco tempo passaram à troca de palavras.

O PDR acusa os elementos do MPT de seguirem a campanha para gerarem confusão no eleitorado, fazendo crer que Marinho e Pinto ainda é do Partido da Terra. “Andam atolados a nós! Eles parece que fazem parte da nossa campanha. É uma estratégia que eles têm para fazer crer que eu ainda estou nesse partido”, afirma o eurodeputado.

 

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