Casa das Mudas passa a museu com colecção própria

Colecção da Região Autónoma da Madeira tem perto de 400 peças de 100 artistas que estavam até agora na Fortaleza de São Tiago

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Vista exterior da Casa das Mudas Miguel Silva
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Perpectiva do edifício premiado da Casa das Mudas Miguel Silva

O Museu de Arte Contemporânea da Madeira vai mudar de casa e denominação, abandonando a histórica Fortaleza de São Tiago, no Funchal, para ocupar o moderno edifício Casa das Mudas, no concelho da Calheta, a partir de 8 de outubro.

“A ideia foi dar mais condições à coleção de arte contemporânea da Região Autónoma da Madeira, que tem perto de 400 peças. O actual edifício não tem capacidade nem as condições necessárias”, disse à Lusa a directora regional da Cultura madeirense. Carina Bento salientou que o actual espaço do Museu de Arte Contemporânea, na fortaleza, na zona este do Funchal, instalado em 1992, conseguiu, “com enormes dificuldades financeiras, cumprir de forma muito correta” o seu papel, mas não deixava de ter limitações “do ponto de vista das condições de ambiente”.

“Estamos a falar de uma fortaleza, uma construção de 1614, e, por muito que adapte com ares condicionados, não é um edifício pensado de raiz para espaço expositivo no sentido de arte contemporânea”, sublinhou a responsável. Por isso, no âmbito da “aposta de descentralização cultural” do actual Governo da Madeira, este núcleo composto por obras de aproximadamente cem artistas plásticos, desde a década de 1960 até aos dias de hoje, vai mudar-se para o Centro Cultural - Casa das Mudas, passando a estar a uma distância de 35 quilómetros (cerca de 40 minutos de carro).
Carina Bento desvaloriza o factor distância, realçando que o novo espaço - construído com base num projecto da autoria do arquiteto Paulo David, que já foi premiado a nível internacional - surgiu numa “antiga propriedade solarenga, sobranceira ao mar, que tem as condições ideais, e foi pensado de raiz com cariz museológico, estando perfeitamente integrado na paisagem”.

A responsável anunciou que o núcleo também vai mudar de nome, adotando a designação do novo espaço e ficando assim denominado MUDAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira. “Esta mudança permitiu ampliar de forma significativa a área de exposição, passando dos 428 metros quadrados na fortaleza para 1.811 metros”, salientou a diretora regional, mencionando que o novo espaço dispõe de nove salas distribuídas por três pisos, um auditório com 191 lugares, um centro de documentação para estudo da arte contemporânea portuguesa, serviço educativo e outras estruturas de apoio.

O novo museu também vai ter uma oferta de transporte, o denominado Mudasbus, um pacote que inclui a viagem de ida, com partida do Funchal, passagem pelas antigas estradas regionais e regresso. Este é um projeto em “fase experimental” pensado para os turistas, entre os quais os que chegam nos navios de cruzeiro.
Conjugar esta oferta museológica com a de outros núcleos - caso do Museu Etnográfico da Ribeira Brava, o Engenho da Calheta (“visitado por imensos turistas”) e o projeto de recuperação dos caminhos reais que o Governo Regional está a desenvolver - é outro objectivo apontado.

Carina Bento mencionou que o novo espaço terá uma exposição permanente e vai ainda contar com “alguns empréstimos para enriquecer o espólio” por parte da PT, do Banif ou do Museu Berardo

Já a Fortaleza de São Tiago vai ser transformada no Museu da Arqueologia, “mais consonante com a história da sua construção”, passando a contar a história do domínio filipino no arquipélago. Neste espaço também será criado um laboratório de arqueologia, onde ficarão expostas as peças encontradas durante as obras pós-temporal de 20 de fevereiro de 2010, na marginal do Funchal, e que, conforme forem sendo recuperadas, podem “complementar um circuito das ruínas e muralhas musealizadas”.

O Museu de Arte Contemporânea da Madeira foi nos primeiros oito meses deste ano o terceiro mais visitado na região, com cerca de sete mil entradas.

“Para mudar mentalidades às vezes é preciso partir muita pedra, mas estou confiante nesta aposta na descentralização cultural na Madeira”, concluiu Carina Bento.

 

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