Jerónimo e a devolução da sobretaxa: “Roubaram o porco e agora querem dar o chouriço”
Contribuição era “extraordinária mas começa a ser cada vez mais ordinária”, diz Jerónimo de Sousa.
O líder do PCP e principal cara da CDU diz que a promessa de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas de que o Governo irá devolver cerca de 35% da sobretaxa de IRS em 2016 é o sinal de que a coligação Portugal à Frente está em “desespero” porque já sabe que vai perder as eleições. Por isso começaram “a prometer tudo e mais um par de botas”.
A coligação da direita “vai perder e por muitos”, garante Jerónimo, lembrando que PSD e CDS tiveram juntos, há quatro anos, mais de 50% dos votos e agora “já nem conseguem afirmar que vão ter maioria absoluta”. Isso mesmo ficou provado, mais ou menos à hora do discurso do líder comunista, quando no comício da coligação Portugal à Frente Passos alertava para o risco de uma “maioria negativa” de PS, PCP e Bloco.
“É preciso ter descaramento: sobretaxa era extraordinária e conjuntural, diziam eles”, recordou Jerónimo de Sousa. “Era extraordinária mas começa a ser cada vez mais ordinária”, declarou, com a plateia a rir e a aplaudir. “Exigimos que devolvam a totalidade dos salários, repondo essa sobretaxa”, disse.
Jerónimo de Sousa dedicou esta noite parte do seu discurso à saúde, falando dos problemas que de uma maneira geral afectam o sector em Portugal, mas deu particular relevo à luta de médicos, enfermeiros e utentes em diversas unidades hospitalares do distrito de Faro. Acusou o Governo de estar a vender a saúde aos grupos privados através da concessão de hospitais.
Acrescentou que recentemente uma notícia dava conta de que os gastos das famílias com a saúde aumentaram 63% nos últimos 10 anos. Um número a que não será alheio o facto de cada vez mais famílias subscreverem seguros de saúde. “Um autêntico maná” para os grandes grupos. “Estão a tornar a saúde numa mercadoria e num negócio.”
O líder da CDU falou depois sobre algumas propostas da coligação PCP/PEV para a saúde, tendo como base um Serviço Nacional de Saúde geral e gratuito. Por exemplo, a CDU quer acabar com as taxas moderadoras, que o sistema garanta médico de família para todos os utentes e uma distribuição justa de enfermeiros em todo o território.
Metade das 780 pessoas que enchiam a plateia do Teatro da Figuras foram encaminhadas para os dez autocarros ordeiramente estacionados à porta. À saída, Jerónimo ainda cumprimentou e distribuiu beijos e apertos de mão pelos militantes que encontrou até à porta. Depois, os dois carros da sua comitiva haviam de deixar o recinto em velocidade, com pirilampos azuis ligados, como os carros da polícia descaracterizados.