Arte ou destruição?

Longe vão os tempos em que o graffiti era o “patinho feio” da arte. Era considerado um ato de vandalismo, muitas vezes punido por lei, que retirava o prestígio e a beleza às cidades

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robynhobson/Pixabay

Vandalismo para uns, destruição para outros e mais vulgarmente, o popularizado graffiti. Arte urbana é o conceito mais abrangente e que está em voga. Mais do que chamar a atenção e assim cumprir o seu objetivo, esta ideia atrai cada vez mais pessoas de todo o mundo, começando mesmo já a surgir um novo modelo de turismo.

Rembrandt, Van Gogh, Picasso, nomes grandes e que todos associamos à arte, vão dando origem a Banksy no Reino Unido, Vhils em Portugal e Blu em Itália. Mas o que é então esta arte urbana? Não é um simples graffiti ou um ato de vandalismo? Mais do que isso, é uma expressão que está a renascer culturalmente um pouco por toda a Europa, bem como a mudar a sua própria visão na sociedade.

Longe vão os tempos em que o graffiti era o “patinho feio” da arte. Era considerado um ato de vandalismo, muitas vezes punido por lei, que retirava o prestígio e a beleza às cidades. Nos dias que correm, é um fenómeno global que tem captado a atenção não só de turistas e viajantes, como também de artistas e críticos de artes. Está ainda a impulsionar um modelo de turismo muito próprio, que tem levado diversas capitais, sobretudo europeias, a apostar na arte urbana.

Um pouco por toda a Europa, edifícios antigos e emblemáticos estão a ser transformados em autênticas paredes coloridas, expressivas e cheias de vida com fortes mensagens de cariz político e social. Este último ponto é precisamente o destaque da arte urbana. Encontra-se cada vez mais veiculada como uma arma de combate às desigualdades e uma forma de expressão, que expõe os problemas sociais de uma forma bastante própria, despertando a atenção de qualquer um que se depare com uma destas representações.

Lisboa é mesmo pioneira e considerada uma das maiores capitais, a nível mundial, de arte urbana. A capital é tida como um exemplo a seguir, pois as autoridades colaboram, apoiam e promovem este tipo de arte, ao invés desta ser restringida. É mesmo a única cidade com um departamento urbano de arte de rua, patrocinado pelo Estado.

Um pouco por toda a Europa o conceito vai crescendo e ganhando seguidores. Berlim é considerada a “Meca do mundo da arte urbana”, pois apresenta o maior número de obras, realizadas sobretudo no que ainda resta do já esquecido muro de Berlim. Barcelona é o berço da arte urbana, mas as autoridades têm dificultado a sua expansão e difusão. Em Roma, o próprio Papa tem apoiado estas iniciativas, como forma de reabilitar os bairros mais carenciados e problemáticos da cidade. Finalmente, Londres é a cidade natal de um dos nomes incontornáveis e mais aclamados da arte de rua, Banksy. As suas sátiras a temas sensíveis como a política, religião ou guerra têm chocado e impressionado a opinião pública britânica.

Esta forma de fazer arte tem sem dúvida evoluído. Continua a dividir opiniões, mas também a abrir caminhos e mentalidades, sobretudo a nível europeu. Lisboa é mesmo um dos exemplos e uma cidade pioneira, que se tem empenhado na divulgação e promoção da arte urbana, organizando mesmo festivais dedicados ao tema. Vhils é o nome sonante português, sendo os seus “Rostos” uma das principais imagens de marca da arte urbana europeia.

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