Há mais metas para além do défice e da dívida, defende Costa

Candidatos do PS visitaram secundária e conservatório. Recepção calorosa disfarçou retrato sombrio do sector.

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Paulo Pimenta

Não seria o local óbvio nem mesmo o mais adequado, mas a realidade é que a visita de António Costa à Escola Secundária Marques Castilho, em Águeda, acabou por se revelar como a maior arruada socialista desde que arrancou a campanha eleitoral.

O objectivo da iniciativa era demonstrar as dificuldades orçamentais vividas nas escolas públicas. Mas os jovens alunos transformaram a visita no “contacto com a população” que o PS estava a tentar, sem sucesso, há uma semana. Espontaneidade, disponibilidade para com o candidato como ainda não se vira.

O momento da manhã foi quando um aluno convidou Costa para “dar uns toques” no ringue. O secretário-geral aceitou o desafio puxando consigo o cabeça de lista Pedro Nuno Santos. Tanto Costa como Santos falharam a maioria dos passes que ensaiaram com dois alunos. O que levou o director da escola a desculpar a azelhice com “o calçado”. “Mas é português, nós não nos enganamos nos sapatos que calçamos”, disparou logo Pedro Nuno Santos. Costa aproveitava para fazer passar uma mensagem política com os pés. “"Pedro Nuno Santos, vou passar-lhe a bola. Olhe que isto tem significado político”, atirou com um sorriso.

Antes e depois, os alunos cumprimentavam e fotografavam o candidato. Aproveitaram a visita para ignorar o toque de chamada para as aulas e continuaram a entupir os corredores para fazer selfies e conversar com Costa. Houve até um jovem que, com um notável espírito empreendedor, tentou convencer o socialista a passar pela sapataria da mãe, próxima da escola. Com um sorriso, o candidato escusou-se com a agenda da campanha.

Ambiente descontraído que contrastou com o cenário apresentado pelo director da escola, Francisco Vitorino. Focou as queixas nos cortes no ensino especial, que classificou como “brutais”, cifrando-os nos 30 por cento. O resultado – como os técnico não queriam deixar nenhum aluno de fora – era frustrante para Vitorino “O que é que faz meia-hora de acompanhamento a cada aluno?”

No Conservatório de Música, o ambiente ficou mais sério. Costa foi apresentado ao jovem Márcio Ferreira, a quem os cortes no financiamento do ensino artístico tinham feito perder o apoio público. A escola deixava o aluno frequentar as aulas, ficando no entanto numa situação difícil.

Foi a deixa para Costa elencar as propostas do PS para a Educação. Aposta em “formações diferenciadas”, “reforço da escola a tempo inteiro, do ensino de línguas e artístico” e também “valorização dos cursos profissionais” mas apenas “a partir do 10º ano”.

E depois, no dia em que INE revira em alta o défice, explicou  porque é que o investimento na Educação era essencial para o PS. “O maior défice que o país acumulou ao longo de séculos foi o défice de conhecimento, as metas a que nós estamos obrigados não são só no défice e na dívida.”

 

 

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