Sofar Sounds: a música é a alma deste evento cheio de segredos

Sabemos a data e sabemos a cidade, o resto é surpresa. O dia 23 de Setembro data a primeira edição do Sofar Sounds no Porto. “Shhhhh… It’s a secret”, dizem eles

Mais de 170 cidades são palco deste evento de música conhecido pelas suas performances em locais secretos. O público só sabe qual é o local dos concertos 24 horas antes, avisados por e-mail, e sabe quem são os artistas no momento do próprio concerto.

O Sofar Sounds promove uma forma diferente de assistir música ao vivo, em que as conversas durante as actuações são desencorajadas e os telemóveis são deixados de lado. Pretende-se usufruir do momento e da música.

Depois de Lisboa, o Sofar chega ao Porto. “É engraçado como culturas distintas recebem da mesma forma este conceito. A música é mesmo universal, transcende culturas”, diz João Afonso, consciente das diferenças de público. “Não vamos limitarmo-nos a replicar o conceito e esperar que a sede em Londres faça todo o trabalho de promoção dos nossos artistas”, continua o organizador do projecto no Porto.

Esta é uma verdadeira experiência intimista que permite conhecer novos artistas, com concertos em locais menos comuns para espectáculos ao vivo. O público oferece as suas casas, empresas, estúdios e galerias para os eventos serem organizados como se se tratasse de um encontro de amigos.

Os eventos são organizados com orçamento zero e a equipa move-se com a paixão pela música e nada mais do que isso. João Afonso revela que “o Sofar é uma organização sem fins lucrativos e as pessoas pagam o que quiserem". "Não temos um bilhete propriamente dito mas solicitamos um donativo que reverte na totalidade para as bandas e técnicos de áudio e vídeo”.

Quem quiser participar no evento precisa de inscrever-se antecipadamente no site do projecto e fazer figas para ser convidado. A presença será confirmada alguns dias antes. Não existe um número fixo para a lotação porque o local do evento varia de edição para edição. “O objectivo é encontrar locais que permitam ter entre 35 e 100 pessoas, nunca mais do que isso até para não se perder o cariz intimista, tão característico destes eventos”, afirma João Afonso.

As actuações dos artistas são registadas em vídeo e depois partilhadas na plataforma da comunidade Sofar Sounds e no canal do Youtube. Com esta estratégia, o Sofar deu a conhecer ao mundo centenas de artistas nos últimos anos.

O objectivo é o mesmo para as cidades portuguesas: aumentar a projecção dos artistas nacionais no estrangeiro, usando a comunidade Sofar como canal de distribuição da música portuguesa. “Acho que temos talento a mais para o mercado que temos, por isso temos de procurar aumentar a nossa audiência para que os músicos portugueses possam continuar a fazer aquilo que gostam e nós a usufruir daquilo que fazem”, acredita João.

A organização vai começar com um evento por mês para “testar” a cidade. Se houver uma forte adesão do público, passarão para dois ou três eventos. Neste momento, o Porto é o centro das atenções, mas há uma forte possibilidade de haver edições pontuais noutras cidades do norte e centro do país.

É tudo uma incógnita, só mesmo o amor pela música pode mover o público. A ideia surgiu em 2009, em Londres, quando os fundadores se aperceberam da actual experiência da música ao vivo, com o público de telemóveis e "tablets" no ar a gravar os espectáculos, e resolveram organizar um concerto com três bandas na sua própria casa e um público seleccionado de verdadeiros fãs de música.

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