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RWC 2015

Antevisão do Escócia-Japão

Após a fabulosa vitória contra a África do Sul, os nipónicos apadrinham nesta quarta-feira a estreia da Escócia

22 de Setembro de 2015, 9:20

Até sábado, para a grande maioria dos adeptos de râguebi, o duelo desta quarta-feira entre a Escócia e o Japão seria apenas mais um jogo no Mundial 2015, mas depois da incrível exibição dos japoneses contra a África do Sul, tudo mudou. Perceber até onde podem afinal chegar os Brave Blossoms é o grande atractivo na estreia dos britânicos na prova. A partida promete equilíbrio, mas o favoritismo continua a ser dos europeus.

Estádio: Kingsholm

Cidade: Gloucester

Hora: 14h30

O Processo de Recomposição da Direita em Curso

Caro leitor, cara leitora

Podia escrever esta newsletter sobre o ataque iraniano a Israel, na noite de sábado para domingo, e o aumento dos riscos de uma escalada da guerra de Gaza para todo o Médio Oriente. Joe Biden e os aliados europeus tentam convencer o Governo radical de Netanyahu a não retaliar, insistindo que o fracasso quase total do ataque iraniano já é a resposta suficiente.

Não está na natureza de Israel deixar um ataque sem resposta. Na lógica política que domina a região, qualquer sinal de fraqueza será, mais tarde ou mais cedo, aproveitado pelos inimigos.

Não parece haver ainda um consenso no Gabinete de Guerra israelita sobre como e quando retaliar. Haverá uma retaliação de Israel. A questão é saber se será contida, com pedem os aliados ocidentais. Mas o conflito no Médio Oriente tornou-se ainda mais perigoso e imprevisível.

Há, no entanto, uma "linha vermelha" da qual, por vezes, nos esquecemos. Israel não permitirá que Teerão conclua o seu programa nuclear porque isso, sim, seria uma ameaça directa à própria existência de Israel e uma ameaça para a generalidade dos estados árabes da região, provocando uma corrida à bomba nuclear desestabilizadora e perigosa.

A eficácia com que Israel destruiu quase todos os projécteis dirigidos contra o seu território deveu-se, em primeiro lugar, à "Cúpula de Ferro", um sistema defensivo altamente sofisticado que protege o país, mas também à eficácia das forças aeronavais americanas e britânicas, que destruíram parte desses projécteis, e à disponibilidade dos países árabes vizinhos, nomeadamente a Jordânia, de permitir a utilização do seu espaço aéreo.

Para alguns desses países, o Irão é um inimigo mais ameaçador do que Israel. Biden constituiu uma rede de parcerias com esses países a partir da qual sustenta os seus esforços diplomáticos no sentido de transformar a guerra em Gaza numa oportunidade para uma solução de paz durável entre Israel e a Palestina.

Podia também falar-vos do profundo sentimento de frustração dos ucranianos, alvos diários dos ataques devastadores de mísseis russos contra as suas cidades e infra-estruturas vitais, diante da eficácia da protecção americana e europeia a Israel. Pedem todos os dias meios de defesa antiaérea que não chegam. Têm razão.

Caro leitor, cara leitora

Estas duas guerras terríveis na vizinhança da União Europeia e da NATO são a nossa preocupação quotidiana. Prefiro, no entanto, falar-vos hoje de outra preocupação, a propósito de um jantar-debate organizado pelo embaixador da Áustria em Lisboa, com a presença de Stefen Lehne, que é investigador sénior do think tank Carnegie Europe, em Bruxelas e cuja investigação incide sobre na política externa da EU depois do Tratado de Lisboa.

O debate foi sobre a ascensão da extrema-direita europeia e as melhores formas de lidar com ela. A sua última publicação no Carnegie Europe, assinada com Rosa Balfour, tinha como título "Europe’s Radical Right Is Formidable – but not Unstoppable". Este think tank publicará nos próximos dias um estudo dos dois autores, elaborado a partir de 14 países, sobre as implicações da extrema-direita no próprio funcionamento da União Europeia. Um assunto sobre o qual precisamos de nos preocupar a sério, até porque as eleições para o Parlamento Europeu são já daqui a menos de dois meses.

"As forças da direita radical já estão a influenciar as políticas da EU e podem determinar a futura direcção que tomará o bloco", diz o último artigo que Lehne assina. Com uma nota de esperança: "No entanto, as suas divisões internas dão aos partidos centrais uma vantagem táctica, neste ano eleitoral de viragem".

O que valem os partidos de extrema-direita
Uma das questões mais interessantes, que o debate sugeriu, é se devemos olhar para estes partidos de direita extrema e radical tendo como único critério a percentagem de votos que obtêm nas eleições.

Por exemplo, em Portugal, o Chega obteve 18%, contra 57% dos dois grandes partidos democráticos mais o CDS, sendo que 82% dos votantes escolheram forças políticas que aceitam as regras do sistema.

Podemos, à primeira vista, estar tranquilos? Uma segunda questão prende-se com esta: na maioria dos casos, estes partidos extremistas já atingiram ou estão a atingir o pico do seu apoio popular? A resposta à primeira pergunta é "não". Não podemos estar tranquilos. A segunda ainda nem sequer tem resposta.

O problema destes partidos é que têm um perigoso efeito de contaminação de todo o sistema político. Vemos isso em muitos partidos de centro-direita europeus, que parecem dispostos a ceder às bandeiras dos radicais em políticas tão importantes como as alterações climáticas ou de imigração e asilo. Mas vemos mais do que isso. Vemos os dilemas que a simples existência desses partidos coloca aos partidos tradicionais, numa paisagem política muito mais fragmentada.

O melhor caminho é tentar integrá-los no sistema através de coligações de Governo? Ou é construir à sua volta uma espécie de cordão sanitário? Ainda não há tempo suficiente para se tirarem conclusões. Qualquer que seja o caminho, é sempre um exercício arriscado. Mas o que também podemos observar é que a sua presença está a ter um efeito disruptor na metade direita dos sistemas político-partidários europeus, arrastando consigo uma crescente instabilidade.

Caro leitor, cara leitora

Basta-nos, talvez, olhar para o que se está a passar no nosso próprio país. Na semana passada, ficámos surpreendidos com uma intervenção pública do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho na apresentação de um livro de textos sobre a família, no geral muito conservadores, na qual deixou absolutamente clara não só a sua adesão a essas teses, como a sua abertura à ideia de que o PSD não devia hesitar em aliar-se ao Chega. Não foi a primeira vez.

Passos Coelho parte do argumento de que o partido de Ventura é um partido "como os outros" e que uma aliança com ele permitiria um Governo estável, assente numa maioria parlamentar. Não hesitou em usar uma linguagem que já caiu em desuso, acusando o ensino público de "sovietização". O problema é que o fez exactamente quando Luís Montenegro estava a formar um governo à prova do Chega, mantendo o que disse durante a campanha eleitoral.

Com que propósito?
A resposta veio poucos dias depois numa entrevista de Passos Coelho a Maria João Avilez, transmitida na Rádio Observador.

O primeiro-ministro que quis ir além troika parece ter, afinal, um projecto político bem determinado que não pode esperar nem sequer para dar tempo à governação do seu próprio partido. Esse projecto passa por federar toda a direita num grande partido (o PSD?) onde o Chega tenha o seu lugar, tal como a IL e o CDS, se quiserem. De matriz muito mais à direita do que a matriz do PSD. Que seja politicamente hegemónico – com uma maioria, um Governo e um Presidente.

Só assim se podem compreender os ataques que dirigiu a Luís Montenegro e, ainda mais, a Paulo Portas. Ataques políticos, mas também, de algum modo, de carácter.

Há, naturalmente, uma enorme perplexidade nas hostes do PSD. E Portas não esperaria um golpe desta natureza. Se Passos Coelho quer testar a sua estratégia política nas presenciais – o que ainda não é certo –, então é o próprio quadro político em que podem vir a realizar-se que muda. Para a direita, mas também para a própria esquerda, que precisaria de um candidato muito forte para o enfrentar.

Caro leitor, cara leitora

Talvez este seja um bom exemplo de como a afirmação de um partido de direita radical anti-sistema pode influenciar a paisagem política muito para além da simples aritmética eleitoral. Através, nomeadamente, da recomposição da própria direita democrática, contagiando-a e radicalizando-a. Sem contemplações.

Havia o PREC – Processo Revolucionário em Curso – de que agora nos lembramos, quando celebramos os 50 anos do 25 de Abril. Felizmente, acabou em bem, com instauração de um sistema democrático liberal. Agora, arriscamo-nos a ter um PRDEC – Processo de Recomposição da Direita em Curso – que não sabemos onde nos levará, mas que são más notícias para o Governo de Luís Montenegro, que já de si parte de uma situação de grande fragilidade parlamentar.

Tenha uma boa semana

Árbitro: John Lacey (Irlanda)

Total de jogos entre as duas selecções: 4

Jogos ganhos pela Escócia: 4

Jogos ganhos pelo Japão: 0

Empates: 0

Maior vitória da Escócia: 100-8

Maior vitória do Japão: -

Média de pontos da Escócia nos jogos contra o Japão: 55

Média de pontos do Japão nos jogos contra a Escócia: 11

Previsão do P3 Râguebi: vitória da Escócia por 7 pontos

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