Só dentro de dias se saberá se as aulas começaram sem problemas, dizem directores

A maior parte das escolas só abre portas para receber os alunos nesta segunda-feira, lembram os representantes dos dirigentes escolares.

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Ano lectivo arranca hoje na maioria dos estabelecimentos de ensino Daniel Rocha

Os dirigentes das duas associações nacionais de directores escolares remeteram para meados da próxima semana a avaliação das condições em que se está a iniciar o ano lectivo, já que na grande maioria das escolas as aulas só começam nesta segunda-feira. “Desejo tanto como o ministério da Educação que tudo corra bem, mas não devemos deitar foguetes antes da festa e, neste caso, a festa ainda não começou”, alertou na sexta-feira Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Filinto Lima decidiu abrir aos alunos as portas do grupamento de escolas que dirige, em Gaia, no primeiro dia do prazo concedido pelo Governo para o efeito, terça-feira passada, e sublinha não estar arrependido, dada a sua “convicção de que, mesmo sem as condições ideais, a escola pública tem obrigação de mostrar que é tão capaz de se organizar quanto os colégios privados”. Admite, contudo, que foi "dos poucos que o fizeram", pelo que ainda não é possível apurar como está a decorrer a abertura do ano lectivo.<_o3a_p>

“A verdade é que, em termos práticos, as aulas só começam na segunda-feira e no ano passado só no decorrer da primeira semana de aulas é que demos conta do caos que estava instalado no país”, recorda, para explicar por que prefere “esperar alguns dias para fazer qualquer balanço”. <_o3a_p>

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, faz parte do grupo dos directores que decidiram aproveitar o adiamento de uma semana do início das aulas, permitido pelo Governo quando estabeleceu o calendário escolar. “Teria sido temerário abrir antes de segunda-feira. Só no agrupamento de escolas de Cinfães, que dirijo, faltavam, a meio da semana [passada], 18 dos 150 professores”, revela. <_o3a_p>

As primeiras listas de colocação de professores foram conhecidas no dia 28 de Agosto. Mas, depois disso, já foram divulgados os resultados de mais dois concursos, o segundo dos quais depois do dia 15, através da 2.ª reserva de recrutamento. As situações mais complicadas prendem-se, no entanto, com o funcionamento da Bolsa de Contratação de Escolas (BCE), um concurso que se destina à colocação de professores sem vínculo em cerca de um terço dos agrupamentos de escolas no país (os estabelecimentos de ensino com autonomia e situados em Território de Intervenção Prioritária). 

"Se tivermos em conta que no ano passado houve um erro na fórmula que determinou a ordenação dos docentes na BCE, obrigando à anulação do primeiro concurso, este ano as coisas estão a correr bem. Mas como esse não pode ser o termo de comparação, temos de dizer que há problemas", observa Manuel Pereira. Um deles já era conhecido: o mesmo candidato pode ser colocado simultaneamente em várias escolas, bloqueando as vagas por um prazo máximo de 24 horas. “Este ano, apercebemo-nos de outra dificuldade: mesmo que os professores que concorreram para determinada escola já estejam colocados, temos que lhes oferecer, seguindo a lista ordenada, cada horário que entretanto surgir. Isto porque a esses docentes tem de ser dada a possibilidade de denunciar o primeiro contrato e de optar pela segunda colocação, se esta lhe for mais favorável”, explica. <_o3a_p>

Só no agrupamento de escolas de Cinfães houve três professores que denunciaram contrato, deixando a escola em que já estavam colocados, para celebrar outro. Além do mais, mesmo que não o façam, de cada vez que são contactados os docentes têm 24 horas para pensar e decidir, prazo durante o qual as direcções escolares não podem passar ao candidato seguinte, faz notar o mesmo director. <_o3a_p>

Nos grupos de professores no Facebook, muitos docentes seguem atentamente as listas. Os desempregados desesperam, porque vêem pessoas que supostamente já estavam colocadas numa escola a ocuparem lugares noutra, sem que eles próprios sejam chamados. Outros enervam-se por estarem num lugar que lhes agrada e continuarem a ser contactados por dirigentes de escolas, que lhes perguntam se querem preencher outra vaga e lhes imploram que, se assim não for, formalizem a recusa, para poderem passar aos colegas que se lhes seguem na lista. Este processo tem atrasado a colocação de docentes, dizem Filinto Lima e Manuel Pereira, que afirmam não serem capazes de avaliar, ainda, qual o reflexo deste atraso nas escolas. 

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