Jerónimo acusa RTP de "manobra" por divulgar "inquérito sem credibilidade"

Líder comunista critica estudo de opinião do operador público que coloca a CDU atrás do Bloco depois de uma sondagem da SIC dava uma subida histórica à coligação PCP/PEV.

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Jerónimo de Sousa Raquel Esperança

Primeiro uma alegria, depois uma desilusão. Foram dois cenários opostos aqueles com que a CDU se confrontou nas previsões de sondagens reveladas esta sexta-feira. De tal forma que Jerónimo de Sousa terminou a noite a atacar o “inquérito sem credibilidade” que a RTP divulgou e que classificou de manobra de “manipulação do povo” por parte dos “cangalheiros frustrados” da CDU.

Se o estudo de opinião da Eurosondagem revelado pela SIC e Expresso apontava para um resultado de 10,3% para a CDU, o que corresponderia à eleição de entre 20 e 22 deputados (agora são 16), já o da RTP, elaborado pela Universidade Católica, previa uma quebra da coligação PCP/PEV para quarta força política, com apenas 7%. Além disso, no primeiro caso, o PS teria 35,5% da votação e a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) 34% mas mais mandatos que os socialistas. O que colocaria a CDU numa posição determinante para uma possível formação de Governo do PS.

Em Águeda, num comício na associação empresarial local já depois da transmissão do debate na TVI24 entre Heloísa Apolónia (Os Verdes) e Paulo Portas, o líder do PCP foi muito crítico sobre a sondagem da RTP, empresa cujo nome não pronunciou. Falou na “força e crescimento da CDU” que PSD e CDS temem porque tem a “força para os derrotar”. E é por isso que “os vemos a inventar duelos decisivos, [entre] putativos candidatos a primeiro-ministro, a fabricar empates técnicos a partir de repetidas sondagens ou, como hoje vimos, de manobras construídas em nome de um inquérito sem credibilidade que o canal púbico divulgou e que apenas pretende desmobilizar e inverter” o apoio à CDU.

E porquê? “Só o desespero dos já derrotados ou que sabem ser incapazes de atingir os seus objectivos pode justificar tal tentativa de manipulação do povo.” O também líder do PCP avisou que tais “manobras” vão continuar até às eleições. E criticou os que “nunca aprenderam que nunca resultaram os apressados anúncios” da redução, enfraquecimento ou morte da CDU.

“Enganaram-se sempre. Estamos bem vivos, crescendo. Pode ser que desta vez metam a mão na consciência e deixem de ser meros cangalheiros frustrados porque o PCP, a CDU, está aqui para lavar e durar, para se reforçar nas eleições de dia 4 de Outubro”, acrescentou.

Ainda em Aveiro, no final de uma arruada numa das principais avenidas no centro da cidade ao final da tarde, Jerónimo recusou que, perante os resultados da sondagem da SIC possa ter o futuro do Governo nas mãos. “É um exagero”, disse, acrescentando não pretender usar o resultado, se for esse, para “fazer pressão sobre quem quer que seja”.

Advertindo que há várias sondagens e com resultados diversos, Jerónimo disse haver sempre uma “dúvida razoável”, pelo que a “grande sondagem” será a 4 de Outubro. Mas congratulou-se por a tendência mostrada pelas sondagens vai no sentido de um crescimento da CDU.

Jerónimo desfiou as habituais críticas ao PS, PSD e CDS, mostrando, proposta atrás de proposta, as semelhanças entre os três partidos que “há 39 anos governam à vez, em alternância mas nunca em alternativa”. Os mesmos, disse, que não se entendem sobre quem chamou a troika e levantam confusão sobre isso. “Qualquer dia estão a dizer que foi a CDU que a chamou para cá”, ironizou.

Antes do secretário-geral, também o cabeça de lista por Aveiro havia feito a crítica da governação, sobretudo em relação ao distrito. Miguel Viegas disse que PCP e PEV, que integram a CDU foram os partidos que mais questionaram o Governo sobre questões do distrito de Aveiro. Um “património de intervenção”, afirmou, que “devia fazer corar de inveja os outros deputados do distrito que ninguém vê a não ser em vésperas de eleições”.

“Não é à toa que alguns [deputados] optam agora por se candidatar por outros distritos. É porque em algum lado lhes dói”, ironizou Miguel Viegas, sem falar em nomes, mas no espírito de todos estariam nomes como o de Paulo Portas ou do bloquista Pedro Filipe Soares – ambos cabeças de lista de Aveiro em 2011 e que agora são os segundos da lista por Lisboa da coligação e do Bloco.

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