Manifestação contra a poluição no Tejo junta portugueses e espanhóis no dia 26

O encerramento da central nuclear de Almaraz é uma das reivindicações das associações ibéricas.

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As populações e as comunidades piscatórias junto ao Tejo também revelaram as suas preocupações. Carla Carvalho Tomás

Uma grande manifestação em defesa do Tejo e contra os diversos factores de poluição que afectam o grande rio ibérico e os seus afluentes está marcada para a tarde do próximo dia 26. A iniciativa, dinamizada pelo movimento ProTejo e pela Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água, contempla 20 locais de protesto distribuídos pelos territórios português (12 locais) e espanhol (8) atravessados pelo Tejo.

A manifestação visa, entre outros objectivos, reivindicar o cumprimento da Directiva Quadro da Água, a garantia de um bom estado ecológico das águas do Tejo, uma acção “rigorosa e consequente da fiscalização ambiental contra a poluição” e uma intervenção junto do governo espanhol “com vista ao encerramento da Central Nuclear de Almaraz”. Os promotores reclamam, também, o estabelecimento e quantificação de um regime de caudais ecológicos, diários, semanais e mensais e a realização de acções para restaurar o sistema natural do rio.

“O rio Tejo e os seus afluentes têm vindo a sofrer uma contínua e crescente vaga de poluição que mata os peixes e envenena o ambiente e as pessoas”, sustenta o ProTejo, movimento criado na década passada no alto Ribatejo, que tem sede em Vila Nova da Barquinha. “As águas que afluem de Espanha vêm já com um elevado grau de contaminação com origem nos fertilizantes utilizados na agricultura intensiva, na eutrofização gerada pela sua estagnação nas barragens da Estremadura, na descarga de águas residuais urbanas das vilas e cidades espanholas sem o adequado tratamento e na contaminação radiológica com origem na Central Nuclear de Almaraz”, prossegue o movimento ambientalista, considerando que “a gravidade desta poluição das águas do rio Tejo acentua-se devido aos caudais cada vez mais reduzidos que afluem de Espanha, diminuindo a capacidade de depuração natural do rio Tejo”.

Por outro lado, em território nacional verificam-se, igualmente, graves problemas de poluição que, no entender do ProTejo, “provém da agricultura, indústria, suinicultura, águas residuais urbanas e outras descargas de efluentes não tratados, com total desrespeito pelas leis em vigor, e sem a competente ação de vigilância e controlo pelas autoridades responsáveis”.

“Nunca o rio Tejo e seus afluentes registaram tão elevado grau de poluição, de abandono e falta de respeito, por parte de uma minoria que tudo destrói, perante a complacência das autoridades”, afirma o ProTejo, que diz que não põe em causa e até saúda as actividades realizadas por empresas e outras organizações na bacia hidrográfica do Tejo, mas que “devem ocorrer de acordo com as práticas adequadas à salvaguarda do bem comum que o rio Tejo e seus afluentes constituem para os seus ecossistemas aquáticos e para as populações ribeirinhas”.

Concentrações em cais e praias fluviais
Esta “Manifestação Contra a Poluição do Tejo e Seus Afluentes” está marcada para as 15h00 do próximo dia 26 e a organização indica 12 locais em território português para os cidadãos se concentrarem em defesa do rio. Estão, assim, indicados protestos para os concelhos de Nisa (Barragem de Cedilho), Vila Velha de Rodão (cais da vila), Gavião (Praia Fluvial do Alamal), Mação (Praia Fluvial da Ortiga), Abrantes (Aquapolis-Rossio ao Sul do Tejo), Constância (praia fluvial da vila), Vila Nova da Barquinha (Cais Fluvial da Hidráulica), Chamusca (Porto das Mulheres), Alpiarça (Praia Fluvial do Patacão), Santarém (praia fluvial do Tejo e ponte sobre o rio Maior) e Lisboa (Cais das Colunas no Terreiro do Paço).

Esta iniciativa, dinamizada no plano ibérico pela Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo de Portugal e Espanha, reproduzir-se-á, à mesma hora, em oito localidades do percurso espanhol do Tejo.

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