Quatro notas sobre o debate

1. Foi um debate muito melhor e muito mais esclarecedor do que o primeiro: a rádio deu um baile à televisão. Houve mais tempo, mais profundidade e, sobretudo, a troika de jornalistas era melhor e estava mais bem preparada. Claro que as audiências são incomparáveis, mas estes debates também se jogam no prolongamento. Ou seja: a digestão mediática daquilo que se ouviu é tão ou mais importante do que aquilo que efectivamente foi dito. E essa digestão irá com certeza chegar a muito mais gente do que aquela que escutou em directo.

2. Tal digestão mediática vai pender, desta vez, para o lado de Pedro Passos Coelho. Primeiro, porque ele esteve bastante melhor do que no primeiro debate. Segundo, porque nós somos um país de equilíbrios, e portanto não há nada como oferecer a vitória a um para depois oferecer a vitória ao outro. Finalmente, porque existe um tropeção de António Costa na questão do corte nas prestações sociais e essa gafe será o ponto de Arquimedes onde a coligação irá alavancar a festa da vitória no debate.

3. Já disse isto uma vez, para escândalo de muita gente, mas repito: nós temos dois bons candidatos a primeiro-ministro. Olhando para o nosso passado recente, esta dupla é do melhorzito que se consegue arranjar. O debate das rádios voltou a demonstrar isso mesmo. 

4. Foi um debate com uma sugestão de notícia que pode ser muito significativa: quando Passos Coelho perguntou a António Costa se estava disposto a sentar-se com ele para discutir a Segurança Social após as eleições, fosse qual fosse o resultado, a notícia não está na (não) resposta de António Costa. A notícia está no facto de Passos Coelho admitir a sua continuação como líder do PSD mesmo que perca as eleições.


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