800 mil milhões para ajudar os bancos

O debate não é tanto se a banca deve ou não ser ajudada. O problema não é o se, é o como

Uma das verdades, polémicas, criadas com a crise financeira é a de que os grandes bancos não podem falir. Por muito revoltante que possa ser e parecer, esta tese tem implícito um facto difícil de contornar: os custos para salvar um banco, mesmo à custa de dinheiro público, são bastantes inferiores àqueles que teriam de ser assumidos caso se deixasse essa instituição financeira cair ao charco. E a crise financeira que começou em 2008, e que ainda não foi totalmente sanada, implicou na Europa o colapso de vários bancos que ao longo de quase uma década foram sendo ajudados com dinheiro dos contribuintes.

O Banco Central Europeu fez as contas e chegou a um número quase obsceno: 800 mil milhões de euros. Entre 2008 e 2014, os apoios que os Estados da zona euro canalizaram para salvar os seus bancos representaram 8% da riqueza produzida na região nesse mesmo período. Claro que há países, como Portugal, que passaram por um processo de ajustamento e que gastaram bastante mais em termos relativos. As contas da instituição de Mario Draghi mostram que dos cofres nacionais já foram usados 19,5 mil milhões (correspondentes a 11,3% do PIB) para evitar o colapso da banca. É preciso ressalvar que grande parte deste dinheiro será devolvido e que parte dele foi emprestado com juros exorbitantes na casa dos 10%.

Há um sem número de formas diferentes de usar o dinheiro público para ajudar os bancos e em Portugal já experimentámos de quase tudo: nacionalizações, avales, garantias, empréstimos, injecção de capital e, mais recentemente, o processo de resolução que foi aplicado ao caso BES. Portugal foi a cobaia na utilização deste último instrumento, uma opção que tem sido bastante criticada no debate político em Portugal. Mas de todos os que já usámos, este é dos mais equilibrados, porque não coloca todo o ónus em cima dos contribuintes. Este é também imputado aos accionistas dos bancos intervencionados e é partilhado com as restantes instituições que fazem parte do sistema financeiro.

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