Costa critica “caridade” de Passos com lesados do BES

Primeiro-ministro prometeu ajudar lesados do papel comercial no recurso aos tribunais. Costa não demorou a responder.

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Costa: o que Passos disse ontem é “uma tradução do seu pensamento profundo” Fernando Veludo/NFactos

O secretário-geral do PS, António Costa, respondeu neste domingo com alguma veemência à promessa deixada no sábado pelo primeiro-ministro de organizar uma subscrição pública para os lesados do BES poderem recorrer à justiça. E recusou o regresso ao passado de um país onde o acesso a direitos fundamentais como a saúde, a educação ou a justiça "dependa da caridade do primeiro-ministro".

"Não foi uma gafe o que o primeiro-ministro disse ontem, foi mesmo a tradução do seu pensamento profundo. O entendimento de que estas coisas dos mercados não têm nada a ver com os governos e que os governos podem lavar as mãos como Pilatos quando os mercados desregulados […] lesam aqueles que confiam as suas poupanças à especulação e depois se vêm traídos", declarou António Costa num almoço de pré-campanha, em Matosinhos, que contou com duas mil pessoas, segundo informou a organização.

Num discurso em que puxou pelo Estado social, o candidato do PS a primeiro-ministro denunciou a promessa feita no sábado por Pedro Passos Coelho, que se disponibilizou a organizar uma subscrição pública para auxiliar os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) que não tenham recursos económicos a recorrerem aos tribunais, e garantiu que os socialistas rejeitam voltar a um país onde o acesso aos direitos fundamentais "dependa da caridade do primeiro-ministro".

“O sonho desta direita é voltar ao antigamente, onde cada um está entregue à sua sorte, condições que estavam marcadas à sua nascença. Aquilo que nós queremos é olhar para o futuro e continuar a desenvolver o nosso Estado social, porque sabemos que o nosso Estado social não é um encargo, é mesmo o melhor investimento para o país se desenvolver”, disse o secretário-geral socialista, que foi muito aplaudido durante a sua intervenção.

E depois de uma longa explicação sobre a importância do Estado social para o país, Costa fez um apelo aos socialistas e aos simpatizantes do partido. “Nas próximas três semanas façamos um grande esforço não só para mobilizar e unir toda a família socialista, mas para mobilizar todos os simpatizantes do PS, mobilizar todos aqueles que não sendo do PS e nunca tendo sido do PS, porque o que está aqui em causa não é uma mera alternância de caras no Governo, o que está em causa é enfrentarmos uma direita que, no seu radicalismo ideológico, está disponível para pôr em causa tudo aquilo que julgávamos que já ninguém poria em causa alguma vez em Portugal que é a natureza pública da escola, o Serviço Nacional de Saúde, o sistema público de pensões e o acesso à justiça sem restrições.”

A jornada de hoje de pré-campanha das legislativas de António Costa, que se iniciou pela manhã em Matosinhos, prossegue com uma arruada na Afurada, em Vila Nova de Gaia.

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