Ano Novo judaico gera confrontos no Pátio das Mesquitas em Jerusalém

Polícia israelita entra na Al-Aqsa para garantir acesso a fiéis judeus, usando gás lacrimogéneo e granadas atordoantes.

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Uma Murabitat na esplanada nas mesquitas Ahmad Gharabli/AFP
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jovens visitantes judeus escoltados pela polícia AHMAD GHARABLI/AFP
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Palestinianos gritam frente à mesquita, tentando bloquear a polícia israelita Ahmad Gharabli/AFP
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Militante do Hamas mascarado tira um tapete de oração queimado da mesquita Ahmad Gharabli/AFP
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Palestiniano ferido Ahmad Gharabli/AFP
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Limpeza de destroços no interior da mesquita AHMAD GHARABLI/AFP

A véspera do Ano Novo no calendário judaico foi marcada na manhã deste domingo por violentos confrontos entre muçulmanos e forças de segurança israelitas, que pela primeira vez expulsaram deste sítio sagrado ultra-sensível as mulheres palestinianas que têm guardado o acesso à Mesquita de Al-Aqsa. A polícia usou gás lacrimogéneo e granadas atordoantes contra manifestantes palestinianos, que se barricaram dentro da mesquita e atiraram pedras.

Já há vários dias que palestinianos e árabes israelitas avisavam que era provável que se registassem confrontos nesta altura – as regras herdadas da guerra de 1967 estipulam que os judeus podem aceder a este local da Cidade Velha de Jerusalém, que é ao mesmo tempo um local santo do Islão e o mais sagrado do judaísmo, entre as 7h30 e as 11h30 para rezar. Excepto às sextas-feiras, quando a Mesquita de Al-Aqsa está reservada para os muçulmanos.

Mas em datas especiais do calendário religioso judaico, os judeus tentam aceder mais do que o permitido ao Monte do Templo, e surgem confrontos com os muçulmanos. Extremistas judaicos têm pressionado as autoridades israelitas para que seja permitido aos judeus rezar junto a Al-Aqsa – algo que enfureceria os muçulmanos, e que é proibido desde que Israel ocupou a zona oriental de Jerusalém, em 1967, a mesma área que os palestinianos querem tornar a capital do seu futuro Estado independente. 

O primeiro-ministro, Benjamin Netanyhau, voltou a assegurar este domingo que quer manter o status quo – mas isso quer dizer que intervirá contra muçulmanos que tentem travar judeus. "É nosso dever e nosso poder agir contra os que fazem motins, para permitir a liberdade de culto neste lugar santo. Agiremos com firmeza contra os que atiram pedras e cocktails molotov", afirmou.

Esta semana, a tensão aumentou ainda mais porque Israel proibiu a presença das sentinelas conhecidas como Murabitat  mulheres palestinianas, com o Corão na mão, que gritam Allahu Akbar, Deus é grande, quando algum judeu se aproxima do terceiro lugar mais sagrado do Islão (a mesquita de Al-Aqsa). Uma hora antes da abertura da esplanada das mesquitas aos judeus, a polícia chegou, cercou a mesquita e, segundo testemunhas citadas pela AFP, alguns agentes situados no telhado partiram vitrais antigos e atiraram granadas lacrimogéneas.

“Entraram forças de intervenção até onde o imã estava a fazer o sermão”, disse à AFP Mahmoud Abou Atta, um militante que está em contacto com os muçulmanos que se encontravam no interior da mesquita.

Enquanto duravam os confrontos, e pelo meio de cortinas de fumo, entraram vários grupos de visitantes não muçulmanos pela porta dos magrebinos, a única pela qual podem aceder os que não partilham a fé islâmica – entre eles o ministro da Agricultura Uri Ariel, um colono que frequentemente está envolvido neste tipo de acções, diz a AFP, citando media israelitas e manifestantes.

O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, “condenou firmemente a agressão israelita e a entrada e ocupação de Al-Aqsa com tropas e polícia”.

Numa nota oficial, a polícia israelita diz que os palestinianos no interior da mesquita “pretendiam perturbar a rotina das visitas ao Monte do Tempo na véspera da Rosh Hashana”, o Ano Novo judaico, que começa este domingo ao pôr-do-sol. Por isso se barricaram no interior da mesquita e foi lançado o ataque, justificou.

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