Como a “economia” foi vencendo a ciência

Os números são divulgados com considerável atraso, mas mesmo assim confirmam que o investimento em ciência tem vindo a diminuir em Portugal nos anos mais recentes. Até 2013, último ano de que agora se conhecem dados, a percentagem do PIB dedicada à ciência caiu pela quarta vez consecutiva. Se no tempo de Mariano Gago (cuja política para o sector foi elogiada por muitos) havia um rumo, os anos seguintes levaram não apenas a um desinvestimento mas a inúmeras decisões polémicas que fizeram temer o pior. O físico Carlos Fiolhais chegou a falar em “página negra da ciência em Portugal” e não foi o único. Aparentemente, seriam a crise e as regras da “economia” a ditar uma retracção, mas esse foi apenas um pretexto para a desorientação e o descalabro. O facto de os actuais números serem publicados de forma envergonhada, longe da ribalta, é revelador do estado a que se chegou. E que, é óbvio, não poderá continuar.

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