Jerónimo de Sousa na estreia de Isso é tudo muito bonito, mas na TVI

Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela e Miguel Góis recuperam rubrica de humor sobre as legislativas que será emitida dentro do Jornal das 8 a partir de segunda-feira e se prolonga para lá das eleições, até 9 de Outubro.

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Ricardo Araújo Pereira e Manuel Ferreira Leite em 2009 no “Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios”, no qual o novo programa se inspira Raquel Esperanca

Poderá ser uma estrelinha da sorte para ambos: Ricardo Araújo Pereira, fã confesso do secretário-geral comunista, regressa como anfitrião de um programa de humor eleitoral e tem como primeiro convidado, precisamente, Jerónimo de Sousa, que procura um aumento de votação na CDU nestas legislativas como sinal de rejeição do actual Governo.

Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela e Miguel Góis estão de volta à televisão com Isso é tudo muito bonito, mas, rubrica de humor de cerca de 25 minutos que a partir de segunda-feira, dia 14, e até 9 de Outubro será emitida na parte final do Jornal das 8. Está integrada no noticiário porque se trata de “uma aposta da informação” e é “uma outra forma de abordagem do momento político mais importante do ano em Portugal”, descreveu o director de Informação da TVI durante a apresentação, esta sexta-feira, em Lisboa.

O programa propõe “um outro lado da campanha, num formato de jornal televisivo com reportagem, entrevista, em directo, com público e algum improviso” e também muito “humor, inteligência, audácia, atrevimento, controvérsia e sobretudo actualidade”, acrescentou Sérgio Figueiredo. Para quem este é um “formato vencedor” – na sua essência é como Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios, emitido na SIC em 2009 – e “beneficia da experiência do que já fizeram” anteriormente.

Sérgio Figueiredo acredita que o programa poderá servir para “aproximar as pessoas da política” e que irá fazer “serviço cívico ao traduzir a política por miúdos” – um dos termos a descobrir será “plafonamento vertical e horizontal”.

Cadeira de Passos vazia?
A primeira parte do programa é ocupada pelo comentário humorístico sobre o dia de campanha – com a imprescindível ajuda das imagens recolhidas pelas equipas de reportagem – e na segunda Ricardo Araújo Pereira entrevista “diversos sôtores e sôtoras”.

Para além de Jerónimo de Sousa como cobaia da primeira edição o calendário dessa semana segue com Pedro Passos Coelho no dia seguinte, Catarina Martins na quarta-feira, Paulo Portas no dia seguinte e António Costa na sexta-feira. Mas então Passos não disse já que não vai? “Para nós o mais garantido de todos é o Passos. Temos muita esperança que ele vá, tendo em conta que já disse que não ia. Lembro-me que ele disse que não ia cortar o 13º mês e cortou, e por isso teremos a cadeira reservada na terça-feira”, brincou Ricardo Araújo Pereira.

Mas, se desta vez o primeiro-ministro cumprir a promessa, os três dizem ainda não saber como vão resolver a ausência de entrevistado na segunda parte do programa. Certo é que o programa de campanha da coligação prevê que Passos esteja em Évora durante a tarde e a noite desse dia.

Durante quatro semanas, enquanto as caravanas dos partidos e as equipas de jornalistas percorrem Portugal de lés-a-lés, a realidade política é também apresentada sob o filtro do humor na TVI (com repetição na TVI24). Quatro semanas porque, depois da campanha, o programa segue por mais uma, de rescaldo das eleições. Porque a semana seguinte – e em especial desta vez, com as sondagens teimosamente a manterem a direita e o PS empatados e sem um vislumbre do que poderá acontecer – “é sempre a parte mais gira, a coboiada mais sangrenta”, classifica Ricardo. “Com a grande probabilidade de termos convidados que queiram vingar-se dos resultados. António José Seguro, lá o esperaremos”, acrescentou de imediato José Diogo.

Como é habitual, o lançamento de um programa dos humoristas é sempre um momento em que não é fácil falar a sério. E foi com humor que fizeram algumas fugas airosas a perguntas dos jornalistas sobre as diferenças entre Isso é tudo muito bonito, mas e Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios, sobre o orçamento do programa (leia-se os respectivos ordenados) ou as audiências esperadas e até sobre os convidados das outras três semanas. Mas ficou no ar a promessa de uma entrevista a José Sócrates, em casa, no dia a seguir a Costa lá ir visitá-lo (o que não está previsto).

A imagem da casa mais falada da última semana foi, aliás, o cenário escolhido pelos três humoristas para pano de fundo da apresentação do programa e se deixarem fotografar – para conseguirem a devida atenção da comunicação social, como o Livre/Tempo de Avançar tentou fazer com a distribuição de pizza, há uns dias.

A “vasculhar” os arquivos à procura dos habituais “cromos” e “tesourinhos” estará Vítor Moura Pinto, que procurará também “incoerências” dos protagonistas políticos – como as incontornáveis promessas de Pedro Passos Coelho sobre os salários e pensões.

A equipa que apoia os três gatos – Tiago Dores não participa por não ter tempo para o projecto – é pequena, daí o termo “Daily Show das barracas”. “O objectivo é fazer algo como o Daily Show, que é feito por 15 dos melhores argumentistas do mundo e tem os 30 melhores pesquisadores do mundo. Este é feito por nós três; isso é a parte das barracas.”

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