Quase duas toneladas de cocaína apreendidas em barco de pesca português

PJ divulgou nesta quinta-feira uma operação de Agosto que manteve em segredo para não prejudicar detenções da polícia espanhola, feitas já no início de Setembro. Droga valia 62 milhões de euros e era de uma organização criminosa galega.

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Droga apreendida encontra-se na sede da PJ Bruno Lisita

Quase duas toneladas de cocaína, com o valor comercial aproximado de 62 milhões de euros, foram apreendidas pela PJ, através da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), em colaboração com o Cuerpo Nacional de Polícia, de Espanha. A apreensão foi feita após a intercepção de uma embarcação pesqueira de pavilhão português e os suspeitos não ofereceram resistência, segundo a PJ.

O barco foi interceptado a cerca de 20 milhas da costa de Peniche, adiantou ao PÚBLICO fonte da PJ. “A localização e abordagem do pesqueiro foram feitas com o apoio da Força Aérea e da Marinha de Guerra portuguesas”, acrescentou em comunicado aquela polícia. Além da apreensão das cerca de 1,9 toneladas de cocaína, foram detidos os cinco tripulantes, quatro nacionais e um colombiano.

Em conferência de imprensa, na tarde desta quinta-feira, o director da UNCTE, Joaquim Pereira, explicou que os suspeitos planeavam levar a droga para outro barco ainda em território nacional e que o primeiro destino seria Madrid. O responsável explicou ainda que é comum que organizações criminosas adquiram pontualmente embarcações de pesca em Portugal. Na sede da PJ em Lisboa, os investigadores mostraram aos jornalistas a droga apreendida, cerca de 30 fardos envoltos em sacos de ráfia, atados com atilhos coloridos e identificados com letras.

A apreensão foi divulgada nesta quinta-feira pela PJ, mas a operação em Portugal ocorreu já a 20 de Agosto. A PJ teve de guardar segredo desta acção para não prejudicar a operação policial que decorreria mais tarde em Espanha.

Era essencial que os dez detidos espanhóis, alvo de uma operação do Cuerpo Nacional de Polícia já nos primeiros dias de Setembro, em Espanha, não soubessem que o barco tinha sido interceptado em Portugal. Caso contrário, era acrescido o risco de fuga e de destruição de elementos fundamentais para a investigação conseguir provar os crimes.

Eloy Quirós, da polícia nacional de Espanha, salientou estar seguro de que o “círculo foi fechado” e de que estão presos todos os membros do grupo.

A PJ e as autoridades espanholas investigavam esta organização de tráfico de droga há vários meses. E, após a intervenção da PJ, as autoridades espanholas desenvolveram uma operação policial na Galiza, Astúrias e Madrid, durante a qual foram detidos dez elementos pertencentes à organização criminosa.

A droga destinava-se a uma organização criminosa galega, com ligações próximas “a organizações colombianas que se dedicam à introdução de elevadíssimas quantidades de cocaína na Península Ibérica com o objectivo de abastecer os mercados clandestinos da Europa”, acrescentou a Judiciária.

Os 15 detidos têm entre 25 e 75 anos. Depois de serem presentes às autoridades judiciárias, 12 dos arguidos ficaram em prisão preventiva e os três restantes com a medida de coacção de termo de identidade e residência.

No âmbito desta operação foram efectuadas 11 buscas domiciliárias e apreendidos o barco, uma lancha rápida, cerca de 70 mil euros em dinheiro, cinquenta cartuchos 9mm e vários equipamentos de telecomunicações.

Esta é uma das maiores apreensões de droga levadas a cabo pela PJ nos dois últimos anos. É necessário remontar a 2013 para encontrar igual quantidade de droga apreendida. Nesse ano, uma embarcação com quase duas toneladas de cocaína foi interceptada no oceano Atlântico, a caminho do Norte de Portugal ou da Galiza, numa operação conjunta das autoridades de Espanha, Portugal e Inglaterra, que conduziu à detenção de nove suspeitos de tráfico.

“No âmbito do combate a este tipo de criminalidade transnacional, a PJ apreendeu nos últimos três meses mais de cinco toneladas de cocaína, quatro embarcações e deteve 27 suspeitos, o que constitui um relevante contributo no contexto do combate global ao tráfico internacional de estupefacientes”, salientou a PJ.

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