Fernando Assis Pacheco, um escritor para a rentrée

Plano de reedições da Tinta-da-China, que adquiriu os direitos da obra do autor, inclui a compilação num volume inédito dos fascículos de Bronco Angel: O Cow-Boy Analfabeto.

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Fernando Assis Pacheco destacou-se pela crónica, género em que exercitava um sentido de humor apurado e muito peculiar DR

É uma das notícias da rentrée: a Tinta-da-China passa a deter os direitos da obra de Fernando Assis Pacheco. No próximo mês de Novembro, quando passarem 20 anos sobre a morte do escritor e jornalista português, a editora irá publicar Bronco Angel: O Cow-Boy Analfabeto, que Pacheco assinou com o pseudónimo William Faulkingway.

Publicado em fascículos no jornal satírico Bisnau, nos anos 80, os textos, em forma de crónica, serão compilados num volume inédito a que os editores pretendem dar um sentido de continuidade. "Vamos chamar-lhe novela", explica ao Ípsilon Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, que está a planear uma edição ilustrada do livro. É com ele que a editora vai inaugurar o seu plano de publicação da obra de Assis Pacheco.

Jornalista, humorista, poeta, ficcionista, crítico, tradutor, Fernando Assis Pacheco destacou-se precisamente pela crónica, género em que exercitava um sentido de humor apurado e muito peculiar. Natural de Coimbra, onde nasceu em Fevereiro de 1937, era filho de um médico e de uma dona-de-casa e neto de um galego que marcou a sua identidade, com a Galiza a marcar todo os seu percurso criativo e a fornecer-lhe ambiente e personagens como Benito Prada, protagonista do seu romance de 1993, Trabalhos e Paixões de Benito Prada

Jornalista de O Jornal e, mais tarde da revista Visão, Assis Pacheco assinou cinco livros de poesia, entre os quais a antologia A Musa Irregular (1991), mas também a novela Walt (1978) ou a colectânea de entrevistas Retratos Falados (2001). Em 1995, estava junto a uma das livrarias que frenquentava em Lisboa quando morreu, vítima de ataque cardiaco. Tinha 58 anos. Dez anos depois, eram publicados os seus últimos poemas, Respiração Assistida, talvez a obra mais nostálgica de Pacheco (ou do Assis, como lhe chamavam os mais próximos).

Bronco Angel: o Cow-Boy Analfabeto surge num momento em que alguns títulos de Assis Pacheco estão fora das livrarias, com algumas edições esgotadas e outras não repostas. Depois deste inédito, a Tinta-da-China irá republicar a obra de Pacheco com a periodicidade ditada pelas falhas em livraria. Sempre que uma obra estiver esgotada, será reposta na nova edição da nova chancela.

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