Lesados do BES bloquearam avenida de Lisboa à espera de Passos e Costa

Com tambores e apitos, manifestantes levaram ao corte de trânsito da Avenida de Brasília, junto ao Museu da Electricidade, em Lisboa. Protecção policial foi reforçada com agentes do corpo de intervenção da PSP.

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São cerca de dois mil os subscritores de papel comercial do BES Enric Vives-Rubio
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A PSP destacou para Belém um contingente maior, incluindo elementos do corpo de intervenção. Enric Vives-Rubio

Um grupo de lesados do BES esteve concentrado desde as 17h20 junto ao Museu da Electricidade, na zona ribeirinha de Lisboa, entre Alcântara e Belém, onde esta quarta-feira à noite decorreu o debate entre António Costa e Pedro Passos Coelho, transmitido em simultâneo pelas três televisões generalistas. Ao som de tambores e apitos, o grupo de manifestantes dirigiu-se para a estrada, bloqueando o trânsito junto à estação de Belém, na Avenida de Brasília.

O alerta para o protesto foi dado durante a tarde e o contingente policial começou a engrossar na zona circundante ao grande edifício de tijolo. As grades de protecção foram colocadas a uma boa distância do museu e dezenas de carrinhas, entre as quais do corpo de intervenção da PSP, pararam por ali perto, com os agentes a aguardarem a chegada dos manifestantes do BES, o que acabou por acontecer por volta das 17h20.

Jorge Pires, com uma t-shirt laranja na qual se lê "Fomos roubados, não desistimos" e na mão uma bandeira preta, conta que veio de Minde, perto de Fátima, num dos três autocarros com capacidade para cerca de 50 pessoas cada. Ao lado, um manifestante envergava um cartaz: "Srs. governantes, eu depositei o meu dinheiro aos balcões do BES no meu país, não na dona Branca. Para que serve a supervisão? Será só para levarem ordenados chorudos? Correr com eles já!"

Os manifestantes, escoltados por outros tantos elementos da PSP, protestaram de forma muito ruidosa, mas sem incidentes, até à hora do início do debate (20h25). Alguns minutos depois do início do debate, começaram a dispersar.

Ao lado, a umas dezenas de metros, realizou-se uma outra manifestação, de iniciativa do PCTP/MRPP, liderada pelo advogado Garcia Pereira, reclamando o fim da censura e pedindo eleições livres. Os lesados do BES demarcaram-se desta manifestação do MRPP. Garcia Pereira esclareceu à Lusa que estava naquele local a manifestar-se contra a atual situação que vive o país.

Cartas aos governos europeus
O vice-presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial, Alberto Neves, assim como outros manifestantes, contaram ao PÚBLICO que de manhã a polícia usou gás pimenta em mais do que um momento de "tensão" durante os protestos em frente à sede do Novo Banco e ao Banco de Portugal.

Nesta quarta-feira, adiantou ainda Alberto Neves, a associação enviou cartas "aos líderes governamentais de todos os Estados-membros da União Europeia, denunciando os danos" que resultaram da divisão do BES. E garantiu: "Vamos usar o direito à manifestação e à indignação.”

Antes, por volta das 16h00, apenas os carros de exteriores das televisões, estacionados junto à entrada do Museu da Electricidade em Lisboa, indiciavam o que decorria lá dentro: a preparação de um debate inédito entre António Costa e Pedro Passos Coelho que será transmitido em simultâneo pela RTP, SIC e TVI.

Ao PÚBLICO foi garantido que não há autorização para outros jornalistas, que não estejam envolvidos na operação, circularem pelo museu antes do debate. Nem mesmo os jornalistas das três estações envolvidas, que fizeram directos para os respectivos canais noticiosos mas unicamente a partir do exterior do imponente museu à beira-rio. Apenas os fotojornalistas poderão fotografar a chegada e a entrada para o debate dos dois líderes, poucos momentos antes do duelo televisivo.

Os três moderadores, um de cada canal, estão já a preparar-se para o debate há alguns dias, mas só devem chegar ao Museu da Electricidade ao final da tarde. O frente-a-frente está marcado para as 20h25. Nem Passos nem Costa, que se enfrentam pela primeira vez, sabem que temas pretendem abordar os três jornalistas - João Adelino Faria (RTP), Clara de Sousa (SIC) e Judite de Sousa (TVI).

Na rulote de comida estacionada junto do museu comentava-se o debate do ano: "A entrada é por aqui? Deve ser. Devem chegar de carro por aqui, estacionam, e depois vai haver câmaras, os directos...".

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