O coração de Lisboa bate ao ritmo de Nicolas Jaar e Todd Terje

A segunda edição do Lisb-On, festival de músicas electrónicas que tanto se ouvem em ambiente de piquenique como se dançam, acontece este sábado e domingo, no parque Eduardo VII, ao som de Nicolas Jaar, Todd Terje, Nina Kravitz ou Jazzanova.

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Nicolas Jaar
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Nina Kravitz
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Todd Terje
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Jazzanova ft. Paul Randolph
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Este ano a fórmula repete-se, manta de piquenique, sessões DJ e actuações ao vivo

Foi o ano passado que muito boa gente descobriu uma clareira no parque Eduardo VII, no coração de Lisboa, situada no lado esquerdo do jardim – se estivermos de costas para a estátua do Marquês de Pombal. O responsável por tal descoberta foi o festival Lisb-On - Jardim Sonoro, que trouxe até ao centro da cidade nomes como Dâm-Funk, Roy Ayres, Moodymann, Carl Craig ou Rodrigo Leão.

Este ano a fórmula repete-se, sábado e domingo, com a clareira, a pequena colina e o arvoredo, a criarem o envolvimento necessário para que uns se dividam pela manta de piquenique e outros pelo usufruto de sessões DJ e actuações ao vivo. O espaço tem lotação prevista para 5000 pessoas e a ideia é trazer para a luz do dia música conotada com a noite, através de nomes como Nicolas Jaar, Todd Terje ou Nina Kravitz, seguindo uma lógica onde se pretende aliar música com fruição lúdica do lugar.

Apesar de não se apresentar com os seus músicos, como já aconteceu por diversas vezes em Portugal ao longo dos últimos anos desde que editou o álbum Space Is Only Noise (2011), não custa acreditar que a maior atracção de sábado será o americano Nicolas Jaar (18h), para uma sessão DJ. Há três anos, em entrevista, confessava-nos que era um velho conhecedor de Portugal – antes de vir sozinho, fazia-o com o pai, o artista chileno Alfredo Jaar.

E Portugal tem retribuído com um culto que, há uns anos, seria difícil de antever, até porque o seu álbum de estreia não é óbvio. É verdade que, ao vivo, a sua música ganha dinâmica dançante, mas em disco opta mais pela captação de ambientes, resultando daí canções pop electrónicas com vocais de blues ou elementos de jazz africanizado, numa toada mais contida do que celebrativa. 

Como DJ deverá vir ao de cima a sua outra faceta – “a de contador de histórias apenas através de sons”, como nos dizia em entrevista. Ou seja, alguém que gosta de partilhar música dançante instrumental, provavelmente na linha dos Darkside, o projecto que dividiu com o multi-instrumentista Dave Harrington.

Quem também saltou para a ribalta, em 2012, depois da edição de um álbum homónimo de electrónica, lânguida e felina, que pouco tem a ver com as suas sessões DJ, foi a russa Nina Kravitz (21h). Nas suas produções predominam ritmos lânguidos e sincopados, a velocidade variável, com fragmentos vocais da própria, mas nas sessões DJ, como a de sábado, torna-se menos estilizada, optando por sonoridades mais directas inspiradas no house e no tecno.

Ao vivo, sábado, apresenta-se o alemão Palms Trax (20h), criador de música house envolvente, com efeitos melódicos sintetizados e elementos percussivos circulares, ou o projecto português Mirror People (16h50) com a The Voyager Ban, uma ideia desenvolvida pelo produtor e teclista Rui Maia (também dos X-Wife) pelos terrenos da música neo-disco, que ao vivo contará também com a prestação de alguns músicos e da cantora Maria do Rosário.

A nova aventura de Gabriel Gomes e Luís Varatojo, os Fandango (15h30), aliando acordeão, guitarra portuguesa e electrónicas, como é audível no álbum homónimo de estreia, e a radialista Isilda Sanches (14h) são outros nomes da primeira tarde e ínicio de noite do evento.

No domingo atenções viradas para Todd Terje (19h) e para o seu colectivo. O norueguês é uma das figuras mais relevantes das movimentações neo-disco, assente numa música dançante espacial, com tanto de exuberante como de nostálgico, como é audível no excelente álbum do ano passado, It’s Album Time. É provável que a sua prestação ao vivo privilegie este lançamento, repleto de sintetizadores cósmicos, ritmos evolutivos e ambientes exóticos, que tem tanto de celebração dançante, como de tranquilidade em forma de canção, como é audível em Johnny and Mary, original de Robert Palmer, recriado pela voz de Bryan Ferry.  

Mas deverá também haver espaço para revisitar as muitas edições, em formatos reduzidos, efectuadas ao longo dos últimos dez anos. Também ao vivo mostram-se os Jazzanova feat. Paul Randolph (17h20), agentes sediados em Berlim que tiveram o seu momento de fulgor no início dos anos 2000, quando convocaram a soul, o jazz ou o funk em pulsações electrónicas quase sempre desconcertantes, mas que continuam em grande actividade, com uma sonoridade ainda mais orgânica.

Para hora e meia de música house aveludada e emocional haverá de contar com a dupla australiana Andras & Oscar (16h), enquanto Mr Herbert Quain (15h), ou seja o português Manuel Bogalheiro, tratará de propor ambientes cinematográficos por entre ritmos electrónicos ao retardador. As actividades de domingo têm início com o jornalista Rui Miguel Abreu (14h) e terminarão pela hora de jantar com o alemão Michael Mayer (20h15) que, como habitualmente nas suas maratonas como DJ, deverá levar toda a gente ao êxtase em ambiente de festa tecno.

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