Polícia acusa José Dirceu de quatro crimes de corrupção na rede da Petrobras

Ministério Público brasileiro vai analisar agora o caso da polícia contra o antigo homem forte do Partido dos Trabalhadores. João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, é acusado dos mesmos crimes.

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Dirceu foi preso a 3 de Agosto Mauricio LIMA/AFP

José Dirceu, a cara do caso “mensalão” e antigo número dois de Lula da Silva, foi indiciado terça-feira pela polícia federal brasileira de ter cometido crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica (falsificação de documentos), pela sua ligação ao esquema de influências na Petrobras.

A polícia faz as mesmas acusações a João Vaccari Neto, outra grande figura do Partido dos Trabalhadores (PT) da Presidente Dilma Rousseff e ex-tesoureiro do partido. Dirceu e Neto foram detidos preventivamente no decorrer da investigação Lava-Jato, que analisa a rede de corrupção na petrolífera do Estado, e depende agora do Ministério Público uma acusação formal que leve o caso para os tribunais.

Há meses que o cerco da Lava-Jato se vinha apertando sobre José Dirceu. O antigo ministro da Casa Civil de Lula cumpria em casa o resto da pena de sete anos 11 meses a que fora condenado no caso “mensalão” quando, a 3 de Agosto, foi novamente detido pela polícia. Iniciava-se então uma nova fase da investigação, a 17ª, que se debruçava sobre os subornos vindos do Estado.

Segundo os procuradores, Dirceu é não só um dos beneficiários do esquema de corrupção, mas também um dos seus autores. A polícia brasileira acusou também terça-feira o seu irmão, Luíz Eduardo de Oliveira e Silva, um seu ex-assessor, Roberto Marques, um antigo sócio, Júlio César dos Santos, e a sua filha, Camila de Oliveira e Silva. De acordo com a acusação, Dirceu e os seus associados movimentaram pelo menos 59 milhões de reais (cerca de 14 milhões de euros) em empresas falsificadas para beneficiar contratos da petrolífera do Estado com construtoras privadas.

Dirceu está preso em Curitiba. Foi lá que o ex-ministro da Casa Civil foi apresentado segunda-feira a uma Comissão Parlamentar de Inquérito especial que se deslocou à capital do Paraná para ouvir um grupo de detidos no caso Lava-Jato.  Mas, diante os deputados, Dirceu ficou em silêncio. “Seguindo orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio”, disse, citado pelo Folha de São Paulo. Fez o mesmo durante a tarde em depoimentos à Polícia Federal.

De acordo com o jornal O Globo, a defesa de Dirceu está ainda a analisar as acusações policiais de terça-feira e só depois se deve pronunciar. 

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