Na Universidade de Verão do PSD não se confia no PS nem em contos de crianças

Num discurso de cerca de meia hora, Marco António Costa tentou passar esta mensagem: a agenda da coligação é “positiva”, a do PS “negativa”, “derrotista” e “eleitoralista”. Os socialistas caracterizam-se pelo “imediatismo”, PSD e CDS têm o espírito de um maratonista.

Marco António Costa esta segunda-feira na Póvoa do Varzim
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Marco António Costa esta segunda-feira na Póvoa do Varzim Paulo Pimenta
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António Horta Osório encerrou esta segunda-feira os trabalhos da Universidade de Verão do PSD

O PS, que tem como mote da campanha a confiança, está “mergulhado” num processo de falta de confiança interna e no futuro e anda a fugir a questões sobre a situação na Grécia: “Os contos de crianças dão por norma lugar a mais resgastes”, disse nesta segunda-feira o vice-presidente social-democrata, Marco António Costa, na sessão de abertura da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide.

Diante de uma plateia de jovens com uma média de idades de 24 anos – são 100 no total – Marco António usou parte da intervenção para tentar passar esta mensagem: a agenda da coligação Portugal à Frente é “positiva”; a dos socialistas é “negativa”, “pessimista”, “derrotista” e “muito eleitoralista”. Os socialistas defendem soluções que só resultam no imediato; PSD e CDS têm mais o espírito de um maratonista, ilustrou.

O social-democrata acusou o PS de ainda não ter recuperado da crise que levou António Costa a desafiar a liderança de António José Seguro e continuar “instável”.

A situação na Grécia também foi usada para atacar os socialistas. Marco António voltou a recorrer a uma metáfora, usada pela primeira vez pelo primeiro-ministro Passos Coelho, para defender que “os contos de crianças dão por norma lugar a mais resgastes” e que a situação na Grécia mostra “a evidência” das “aventuras” e das “promessas irrealistas”. De tal forma, sublinhou, que o assunto se tornou “tabu” no maior partido da oposição e tanto o líder socialista como outros políticos “fogem” dele “como o diabo da cruz”.

Para Marco António Costa, os socialistas “não aprenderam com os erros” e andam de “embaraço em embaraço”. Às críticas aos socialistas seguiram-se os elogios ao executivo de Passos Coelhos: “Não cruzou os braços” diante das dificuldades e pôs em marcha um “conjunto de reformas” em vários sectores, da justiça à educação – áreas marcadas, porém, por polémicas como o Citius ou os concursos de professores.

Este ano, a Universidade de Verão do PSD não conta com a presença de qualquer figura do PS, ao contrário de anos anteriores: Mário Soares em 2011, Luís Amado em 2012, Correia de Campos em 2013, António Vitorino no ano passado.

Também não foram convidados os eventuais candidatos a Belém do PSD – Rui Rio, Pedro Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa - que tradicionalmente ali fazem intervenções. Ao Observador, este comentador disse considerar a decisão “muito inteligente”, caso contrário a rentrée política podia transformar-se “num desfile de pseudocandidatos” e “o partido fazia para pior aquilo que já acontece no PS, porque seria o próprio partido a organizar a fragmentação interna”.

Esta 13.ª Universidade de Verão, promovida por PSD, JSD, Instituto Francisco Sá Carneiro e Partido Popular Europeu, vai contar com a presença, entre outros, da ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque e do ex-presidente da Comissão Europeia. Durão Barroso.
 
A lição de Horta Osório
Reformas estruturais, formação, “viver dentro das nossas posses” e pagar as dívidas. Este é o caminho que levará Portugal a “maior prosperidade” e melhorará o nível de vida das populações. Para os sociais-democratas, a conferência do presidente do Lloyds Bank, António Horta Osório, caiu que nem sopa no mel no fim do jantar que fechou o primeiro dia da universidade.

O banqueiro defendeu que agora, que “já estamos a viver dentro das nossas posses”, o que é preciso fazer para melhorar a prazo significativamente a vida da população é, de acordo com as recomendações do FMI, continuar a fazer reformas estruturais como as que têm sido feitas, por exemplo, na saúde e a nível fiscal. Isso, defendeu, irá aumentar a produtividade, a competitividade e “melhorar” o nível de vida da população.

Apesar de no início da sua intervenção Horta Osório ter reconhecido que as medidas de austeridade ainda não tinham conseguido resolver o problema da dívida como um todo, a nível mundial, o alinhamento em relação ao discurso do PSD e do CDS acabaria por ganhar forma. O banqueiro alertou para o facto de Portugal e outros países continuarem a ter uma “dívida difícil”, mas afirmou que as perspectivas em Portugal são as de que o desemprego continue a descer e insistiu: não se pode ser complacente, é necessário ter ambição de querer crescer mais do que dois por cento ao ano.

Notícia actualizada às 22h50 com a intervenção de António Horta Osório

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