Archivo faz negócio a revitalizar a memória de marcas portuguesas

Uma quantia de seis mil euros foi o necessário para começar um negócio que começa a dar frutos. O crescimento do turismo também ajudou.

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Pedro Fernandes teve a ideia quando estava desempregado Enric Vives Rubio

A Archivo nasceu há três anos e hoje já possui uma legião de fãs. O designer gráfico, Pedro Fernandes, encontrava-se desempregado quando teve a ideia de criar a sua própria marca, tornando-se uma montra para as antigas marcas portuguesas, activas ou não.

Uma exposição de rótulos de marcas de sardinhas antigas num programa de televisão foi o necessário para despertar a vontade de arriscar no mundo dos negócios em Portugal. A atravessar um período de crise, o sector da publicidade deixou de ser um opção, pelo menos a curto-prazo, para o empreendedor português, designer há 19 anos e desempregado depois de trabalhar em projectos publicitários.

Pedro Fernandes começou por fazer um arquivo de todas as marcas portuguesas que existiram até então (daqui também nasceu a ideia do nome da marca) e “porque não mostrar um lado mais gráfico que não existia? Pensei que poderia ser engraçado, as pessoas não conheciam”, diz o empreendedor.

Para além das t-shirts com imagem da “Rainha das Motorizadas”, a icónica Famel Xf17 com motor Zündapp, da Fábrica de Produtos Metálicos, ou os desenhos do primeiro automóvel português Alba da década de 1950, a Archivo tem também produtos como sacos de pano, blocos de notas, canecas e aventais, que podem ser adquiridos desde os nove até aos vinte euros. Há alguns contratos com as marcas para o uso dos seus nomes, mas há outras que estão em domínio público.

No início foram feitas apenas cinco t-shirts, com cinco imagens de marcas diferentes estampadas. “A ideia pareceu ter agradado às pessoas e decidi que era altura de avançar, sempre com ponderação”, explica Pedro Fernandes. Quando foi despedido da empresa de publicidade recebeu uma indemnização que contribuiu para o capital inicial que investiu na sua empresa: seis mil euros.

O empreendedor diz que aquele foi o investimento que precisou no início, mas que ao longo dos anos foi preciso sempre fazer um investimento constante. “Há sempre novidades no mercado, é preciso haver um acompanhamento e melhorar os produtos que já temos. À medida que o retorno era atingido, ia investindo cada vez mais”, diz Pedro.

Em 2014, a Archivo facturou 30.000 euros. No final deste ano, Pedro já estima que consiga facturar mais 20.000, chegando aos 50.000 euros. “Há momentos em que o dinheiro investido está muito próximo do que é o activo da empresa”, diz.

As t-shirts da Archivo têm uma particularidade. Na parte de trás têm um pequeno espaço onde está escrita a história da marca portuguesa, estampada na frente. “Este é o aspecto que mais atrai as pessoas”, diz o fundador da empresa.

Os produtos estão à venda em 21 lojas espalhadas pelo país e, de vez em quando, em mercados de rua. O objectivo é conseguir “levar a marca aos vários pontos do país, porque em Lisboa já está muito massificada”.

Começou por contactar as lojas, agora são as lojas que vêm à procura dos produtos da Archivo. A empresa é constituída apenas por Pedro Fernandes que, quando necessário, conta com a ajuda de familiares e amigos. As t-shirts são fabricadas em Portugal e depois é ele quem trata de todo o processo.

O crescimento do turismo no país ajudou também ao início da marca. “Os turistas procuram alguma coisa que contenha uma marca de Portugal. E os nossos produtos são o que procuram.”

“O orgulho em ser português é o que me incentiva na aposta dos produtos com símbolo português. Gosto do que se faz no país.” Pedro Fernandes conta que há muitas pessoas a comprarem as t-shirts para oferecerem a portugueses que estão emigrados. E isto deixa-o satisfeito. Texto editado por Luís Villalobos

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