Análise ao Austrália-Nova Zelândia, parte VI

Devem os All Blacks jogar com o XV mais forte contra os Wallabies em Auckland?

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Na sexta de seis análises de Francisco Branco e Luís Cassiano Neves ao Austrália-Nova Zelândia (27-19) do passado fim-de-semana, que ditou a conquista dos Wallabies do Rugby Championship e que serão publicadas até quinta-feira, Luís Cassiano Neves., coloca uma questão sobre a partida a Francisco Branco.

 

Luis Cassiano Neves: A política de rotatividade dos All Blacks tem sido aplaudida como o segredo da longevidade de alguns jogadores, e do número espantoso de opções para cada posição de que Hansen dispõe. Contudo, algumas vozes críticas notam que:

 

Primeira linha – sobre pressão na mêlée;

 

Segunda linha – sem alternativas de qualidade a Retallick e Whitelock;

 

Terceira linha – McCaw a recuperar forma mas sem a influência no “breakdown” de outrora. Kaino e Messam fazem da posição “6” uma incógnita. Read acabou de registar o seu pior jogo pelos All Blacks de que há memória, em Sidney;

 

Formação – Aaron Smith tem estado soluçante nos dois últimos jogos, TJ Peranara com poucos jogos e Kerr Balow ainda menos;

 

Abertura - Carter ainda não regressou à sua melhor forma, ou sequer a forma aceitável para este nível, após o período sabático, Cruden lesionado, Sopoaga novo na cultura All Black e Beauden Barrett tem jogado pouco;

 

Centros – Nonu em excelente forma, Conrad Smith mau em Joanesburgo mas excelente em Sidney, Sonny Bill Williams com um ano “apagado” no Super Rugby e no Rugby Championship, Fekitoa um bom banco.

 

Três de trás – Onde existem mais e melhores soluções, com Milner-Skudder a apresentar-se como uma possibilidade (inevitabilidade?) para o Mundial. Ben Smith imperial.

 

As coisas estão a correr conforme Hansen as tinha planeado? Jogarias com o XV mais forte contra os Wallabies em Auckland? Qual o melhor XV All Black?

 

Francisco Branco: Na minha opinião, esta é uma das áreas em que os All Blacks mais se distanciam das outras equipas. O cuidado com que seleccionam, a importância que dão ao carácter dos jogadores que pretendem ser All Blacks e a gestão que fazem da introdução de novos jogadores no grupo de trabalho não encontra paralelo com nenhuma outra equipa do râguebi mundial.

 

A estratégia que o staff dos All Blacks desenhou nesta preparação do Mundial parece-me excelente, num misto de preparação do RWC 2015 e RWC 2019.

 

A capacidade que Hansen teve de, na melhor equipa do mundo, fazer com que todos acreditem que faz sentido serem um plantel de 40 jogadores e não 23 é digna de registo.

 

No entanto, há posições onde os All Blacks ainda estão demasiado dependentes de alguns jogadores. A camisola “6” não tem, na minha opinião, nenhum candidato ao nível da qualidade dos restantes jogadores, enquanto Read e Aaron Simth não têm substitutos que estejam ao seu nível.

 

Nos três-quartos, Barret é um “10” de classe mundial em todos os aspectos (incluindo também a defesa, onde teve uma evolução incrível) menos num: o jogo ao pé. Não sendo, propriamente um mau chutador, o seu jogo ao pé é, por vezes, errático o que pode comprometer a estratégia da equipa, mas também nesta área está a evoluir.

 

Carter está, lentamente, a voltar à sua forma e, se conseguir manter as lesões afastadas, acredito que o RWC 2015 será o seu “grand finale”, que será decisivo nos momentos cruciais.

 

Os quatro centros para o RWC (recorde-se que Carter pode também alinhar a 12) estão escolhidos e permitem várias configurações. Nonu, Smith, Fekitoa e Sonny Bill Williams são um elenco de luxo que permitem, ter de fora, jogadores polivalente que podem mudar o destino de qualquer jogo.

 

No entanto, neste jogo, está em disputa a Bledisloe Cup. Aquele que é, para os “kiwis”, o troféu mais importante depois do RWC. Vai ser, para Hansen, a melhor oportunidade para ver os seus jogadores jogarem debaixo de uma grande pressão, sem perder o focus na preparação para o Mundial de Inglaterra.

 

Assumindo uma disponibilidade total dos jogadores, este seria o meu XV para o próximo sábado: 1 – Tony Woodcock; 2 – Dan Coles; 3 – Charlie Faumuina; 4 – Brodie Retallick; 5 – Sam Whitelock; 6 – Sam Caine; 7 – Richie Mccaw; 8 – Read; 9 – Aaron Smith; 10- Beauden Barrett; 11 – Julien Savea; 12 – Malakai Fekitoa; 13 – Conrad Smith; 14 – Millner-Skudder; 15 – Ben Smith.

 

Nota: Texto escrito antes de ser anunciado o XV da Nova Zelândia para o confronto com a Austrália.

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