Costa defende Sampaio da Nóvoa como candidato "próximo da família socialista"

Líder do PS, em entrevista à Visão, volta a pedir desculpa pela "sucessão de equívocos" nos cartazes.

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António Costa: “O PS não começou com a tomada de posse desta direcção”. Rui Gaudêncio

O secretário-geral do PS, António Costa, defende que Sampaio da Nóvoa é um candidato presidencial “próximo da família socialista” e recusa revê-lo na “caricatura esquerdista” com que tem sido descrito. Mas ainda não foi desta que declarou apoio expresso a um candidato a Belém. Em entrevista à Visão, e segundo excertos publicados esta quarta-feira no site da revista, o líder dos socialistas insiste na recusa em falar do caso Sócrates.

António Costa admite que só foi uma vez, no Natal do ano passado, visitar o antigo primeiro-ministro socialista à cadeia de Évora e recusa comentar o caso, mas diz que sobre isso ao PSD “foge-lhe sempre o pezinho para a chinela”.

Relativamente a presidenciais, o líder do PS volta a remeter uma decisão do partido para um “momento próprio”. Mas chama a atenção de que “nesta altura já há um candidato assumido e próximo da família socialista” que é Sampaio da Nóvoa, o antigo reitor da Universidade de Lisboa. Sem dar o apoio expresso, António Costa diz ter “muita estima” pelo candidato que não considera enquadrar-se na “caricatura esquerdista” como o têm definido. E lembra que o antigo reitor não participou apenas no último congresso do PS, mas também em iniciativas socialistas de António José Seguro e de José Sócrates.

Questionado sobre a hipótese de Maria de Belém avançar como uma candidatura à Presidência da República, Costa lembra os vários momentos em que o partido esteve em desacordo sobre candidaturas e até a altura em que o fundador Mário Soares disputou a eleição contra o histórico Manuel Alegre. Mas deixou um aviso sobre o perfil de um candidato a Belém: “Acho incompreensível que numa eleição por natureza proposta por cidadãos e que apela aos princípios da cidadania se defenda que só têm direito a candidatar-se os nascidos e criados nas estruturas partidárias... quando a Presidência da República deve ser, por excelência, o espaço da cidadania”. 

Depois de uma semana difícil para o PS por causa da polémica dos cartazes – e com António Costa em silêncio justificado com as suas férias – as primeiras palavras voltam a ser as de um pedido de desculpas. “O episódio dos cartazes tratou-se de uma sucessão de equívocos, um caso lamentável e, por isso, pedimos desculpa”, disse o secretário-geral, apesar de tentar desvalorizar o caso em que a propaganda socialista utilizou imagens de pessoas com uma história não autorizada e sem corresponder à verdade.

Marcando a distância entre as propostas do PS e as da coligação, o líder socialista assinala também uma diferença de posições face “à dupla Bloco/PCP” em torno da Europa, mas não esclarece o que pode condicionar um futuro acordo ou coligação de Governo. “O que é que essa diferença impede, não sei. Para nós, a Europa e o euro são inegociáveis”, disse. Já sobre o apelo do Presidente da República para uma maioria absoluta, o líder do PS respondeu com ironia ("Há quem tenha visto nessas palavras um apelo à maioria absoluta do PS") e deu conta do que mais lhe pedem nas ruas: “Corra com eles”.

António Costa voltou a defender uma postura diferente da assumida pelo actual Governo perante Bruxelas e admite ter um ministro para os Assuntos Europeus.

Ao mesmo tempo, distancia-se da defesa da renegociação da dívida (contrariando muitas das vozes no seu partido), recorrendo ao exemplo de Atenas. “Quem tem defendido essa solução não tem tido muito sucesso, como se viu no caso grego”, afirmou. 

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