Nutrição: Cuidados em viagem

Mónica Sousa, nutricionista na componente desportiva, fala das escolhas alimentares em viagem para que o rendimento desportivo possa ser mantido.

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O atleta actual é um viajante global, quer seja por motivos de treino, competição ou aclimatização à altitude ou a instalações onde a preparação para competições importantes pode ser afinada. Esta condição poderá implicar cuidados nutricionais especiais, tanto ao nível da rotina alimentar, como em relação à quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis, e à higiene alimentar. Assim, com este artigo pretende-se melhorar as escolhas alimentares em viagem para que o rendimento desportivo possa ser mantido, mesmo numa envolvência alimentar distinta da habitual. Para tal, é importante que o tipo de alimentos consumidos e os horários das refeições sejam mantidos tão similares quanto possível à rotina diária habitual.

Os snacks são um componente importante na alimentação diária da maioria dos atletas, porém o acesso a snacks de qualidade enquanto se viaja pode ser difícil. Deve-se optar por snacks não perecíveis (que não se estraguem facilmente) e de fácil transporte, que poderão não estar disponíveis no país de destino. Algumas hipóteses são:

•    Barras de cereais;
•    Cereais de pequeno-almoço, nomeadamente aveia, muesli ou granola;
•    Frutos secos, como uvas passas, ameixas secas e damascos secos;
•    Frutos oleaginosos, como nozes, amêndoas e cajus; 
•    Bolachas (exemplo: línguas de gato, água e sal, do tipo Maria ou Torrada)
•    Tostas
•    Mel, geleia, compota, marmelada, manteiga de amendoim;
•    Concentrados de sumos de fruta
•    Alimentos desportivos: Bebidas desportivas;Géis desportivos;Barras desportivas; Batidos desportivos (poderão se em pó para reduzir o peso de bagagem)

Doenças associadas a viagens

A maioria dos casos de diarreia relacionada com viagens é causada por bactérias que são transmitidas pela comida, pela água e por outras pessoas, devido a deficientes condições higio-sanitárias ao nível do pessoal (manipuladores de alimentos) e dos alimentos.
A maioria destas infecções pode ser prevenida através de cuidados com a higiene pessoal e alimentar.

Água e bebidas

Em muitos países a água contém microrganismos potencialmente patogénicos; quando existem dúvidas acerca da segurança da água deve-se:    
•    Usar água engarrafada ou fervida (pelo menos durante 5 minutos) para beber, para lavar os dentes, para lavar os alimentos (por exemplo saladas e vegetais) e para lavar equipamentos/utensílios utilizados para comer ou para guardar alimentos;
•    Evitar beber água dos chuveiros;
•    Consumir fluidos cujas embalagens tenham sido abertas apenas no momento do consumo e limpar a zona exterior das latas antes de beber;
•    Não colocar gelo nas bebidas.
Bebidas como café e chá, feitas a partir de água fervida, geralmente são seguras.

Alimentos

•    Consumir apenas alimentos que foram cozinhados, que possam ser descascados ou que tenham sido lavados em água considerada segura;
•    Evitar, ou mesmo não ingerir, alimentos como marisco, leite não pasteurizado, fruta e vegetais não descascados, saladas pré-preparadas, ovos, carne e peixe crus, carnes raras, hambúrgueres, enchidos, e bolos com recheio, uma vez que estão frequentemente contaminados;
•    Evitar qualquer fruta com danos na casca. Evitar comprar fruta a vendedores de rua;
•    Em refeições tipo buffet, verificar se os alimentos frios são mantidos refrigerados e se os alimentos cozinhados são mantidos quentes;
•    Os alimentos comprados em take away devem ser comidos imediatamente.

Outras informações úteis:

•    Muitas das toxinfecções alimentares poderão ser evitadas lavando as mãos abundantemente com sabonete durante 30 segundos antes das refeições. Use toalhetes de papel limpos ou um secador para secar as mãos;

•    O ar na cabine do avião é relativamente seco, por isso é necessário um aumento da ingestão de líquidos para compensar a maior perda de água pela respiração e pela transpiração. A desidratação poderá instalar-se de forma progressiva e não perceptível; para além das consequências negativas a nível desportivo, pode acentuar os efeitos negativos do jet-lag. Recomenda-se, por isso, a ingestão de 15–20mL de fluidos extra (ao expectável para um dia de actividade sedentária) por cada hora de voo;

•    Em voos longos, o atleta deve levar consigo água engarrafada e alguns snacks (como alguns dos exemplos descritos em cima) de forma a não ficar exclusivamente dependente da oferta alimentar a bordo, que nem sempre é adequada em termos de quantidade e qualidade; 

•    Os efeitos do álcool estão aumentados no ambiente pressurizado da cabine, devendo ser evitada a sua ingestão. A sua ingestão também deverá ser restringida devido ao seu potencial efeito diurético.

Desta forma, os atletas deverão manter-se vigilantes em relação aos alimentos e bebidas quando viajam para outros países. Deverão ter em atenção todos os pontos descritos anteriormente de forma a não haver comprometimento do rendimento devido a questões alimentares e usufruir ao máximo da experiência no estrangeiro. E… boas viagens!

 *Mónica Sousa, nutricionista na componente desportiva, colaborou com a Federação Portuguesa de Atletismo. Foi nutricionista da equipa de futebol sénior do Vitória de Setúbal e colaborou com a Federação Portuguesa de Natação, entre outras modalidades. Doutorada em Ciências do Desporto, especificamente na área de nutrição no desporto de alto rendimento
Qualquer dúvida ou questão pode ser enviada por email para monicasousa.ionline@gmail.com 

 

 

 

 

 

 

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