“Provámos que merecemos mais apoio”

Marta Ferreira, capitã de Portugal na repescagem para os Jogos Olímpicos, confirma que vai deixar o râguebi internacional

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Luís Cabelo

Contra tudo e contra quase todos, a selecção nacional feminina conseguiu no passado fim-de-semana terminar o torneio europeu de repescagem para os Jogos Olímpicos no terceiro lugar, garantindo o meritório passaporte que dará acesso, em Junho do próximo ano, ao restrito grupo de 16 selecções que vão lutar pelo último lugar disponível para o Rio 2016. Marta Ferreira, que capitaneou Portugal, destaca a importância de ter alcançado o objectivo em casa, mas numa altura em que anuncia a sua saída da selecção, lamenta a falta de “competição” que existiu longo do ano antes do Europeu e da respescagem. Quanto ao futuro, deixa um recado: “Agora tenho a certeza que todos vão querer apoiar.”

 

Sem as condições e preparação de parte da concorrência, as jogadoras nacionais entraram no relvado do Estádio Nacional conscientes de que “as probabilidades não estavam” do seu lado, mas “sempre” acreditaram que “seria possível” terminar num dos três primeiros lugares e, segundo Marta Ferreira, o excelente arranque contra a Alemanha foi o click que Portugal necessitava: “A partir do primeiro jogo sentimos que estávamos bem. Entramos bem no torneio e a partir daí tínhamos que eliminar alguns erros e manter o que estava bem.”

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Recordando a participação no Circuito Europeu, Marta afirma que o primeiro jogo não correu bem, o que condicionou o resto da prova. No entanto, as dificuldades fizeram “crescer” as jogadoras portuguesas: “Tivemos que sair do fundo e como dentro de um mau panorama acabamos por conseguir o objectivo da manutenção, tudo o que aparecesse no torneio de repescagem seria bom.”

 

Numa análise à preparação portuguesa para o Circuito Europeu e para o torneio de repescagem, a capitã da selecção afirma, em declarações ao P3 Râguebi, que faltou “participar em torneios e ter competição para depois saber reagir às dificuldades”. “Trabalhamos muito e só no fim é que tivemos uns pequenos testes. As arestas tiveram que ser limadas muito em cima da hora”, lamenta.

 

Embora realce que quem fazia parte do grupo “fez o que era possível” e admita que “não havia nada contra a equipa feminina”, a “prioridades estavam com os rapazes”, mas as jogadoras nacionais provaram que merecem "mais apoio”.

 

Confiante que “este apuramento mude alguma coisa”, Marta Ferreira diz que para o râguebi feminino crescer é preciso “mais competição, não apenas de sevens, mas também das outras variantes”. Com a “certeza” que agora “todos vão querer apoiar”, a atleta sublinha que durante o próximo ano “será preciso muito apoio por parte da federação, dos empregos e das faculdades", mas também é fundamental existir “um grupo maior de seleccionáveis”, sendo para isso importante não limitar as condições de trabalho a Lisboa: “As jogadoras do Norte e do Centro também têm ser apoiadas para continuarem a ter vontade de trabalhar para alcançarmos este objectivo.”

 

Definitiva parece ser a sua decisão de colocar um ponto final na carreira internacional. “É uma decisão que estava tomada independentemente do que acontecesse. Sinto que a minha participação no râguebi internacional completou um ciclo e ainda bem que acabou em grande. Agora está na altura de surgirem outras.”

 

Com 15 anos dedicados ao râguebi, Marta Ferreira sublinha que é altura de se “focar no trabalho”. “Para se estar, tem que se estar a 100% e neste momento tenho que dar prioridade ao trabalho que tem sido descurado. Não quero cortar definitivamente com o râguebi, apenas vou deixar de ser uma jogadora seleccionável para a selecção. Estou a ponderar investir numa preparação de treinadora”, conclui.

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