Uma tarde de pizzas e Nápoles no Jardim dos Clérigos

A 2.ª edição do Campeonato Português de Pizza regressou ao Porto com 26 pizzaiolos a concurso.

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O cheiro a tomate, orégãos e massa fresca acabada de sair do forno encheu o Jardim dos Clérigos Manuel Roberto

Quem gosta de pizza e aprecia a cozinha italiana teve nesta segunda-feira à tarde a oportunidade de se regalar noo Campeonato Português de Pizza que se realizou no Jardim dos Clérigos, no Porto. A tarde estava quente e os fornos estavam preparados para receber as obras-primas dos 26 pizzaiolos. Vieram de todo o país com o intuito de dar a conhecer a sua arte, aprender e quem sabe vencer um prémio.

O evento começou com algumas acrobacias feitas com a massa fina e polvilhada de farinha, provando que a pizza, afinal, pode ser mais do que comida e que o espectáculo pode nascer com o mais simples dos ingredientes. Girando, gravitava no ar mas a arte por vezes falhava e chegou até a cobrir algumas pessoas – uma mulher teve um casaco "atacado" por esta massa branca. Que, apesar de frágil, resistiu ao embate com a espectadora. Assim como iriam resistir os concorrentes na competição que se seguia.

Os mestres da pizza tinham caixas recheadas de ingredientes, que iam desde o tradicional molho de tomate até aos orégãos e às cebolas. Um a um, apresentavam-se na bancada, distribuíam os ingredientes e molhos pela massa e conduziam o resultado para o forno. A seguir, impunha-se a apresentação ao júri, composto pelos chefs Augusto Gemelli, José Avillez, Leone Coppola, Marco Gomes e Pedro Lemos.

O concurso estava limitado a duas categorias, o sabor e a aparência, mas o gosto pessoal de cada chef poderia pesar na decisão. Para Augusto Gemelli, um italiano a viver em Portugal há 20 anos e prestes a inaugurar um estabelecimento no Mercado da Ribeira em Lisboa, a massa é determinante, até porque “os portugueses estão cada vez mais a evoluir nas técnicas de preparação”. José Avillez considera que a primeira dentada dá a pista para o que pode ser ou não uma boa pizza, uma especialidade de Nápoles que ganhou o seu lugar em Portugal. 

As diferenças entre um forno a lenha e um eléctrico colocavam os mestres numa situação de desconforto, porque se uns estavam habituados à maneira tradicional, outros já ganhavam na modernidade. “Existe alguma hesitação dos pizzaiolos, porque não trabalham todos no mesmo tipo de forno”, esclareceu o apresentador do evento.

No entanto, nada impediu que o cheiro colocasse o público com água da boca e a cada momento escutava-se: “Oh compadre, dê uma fatia”. As tábuas de madeira foram a apresentação escolhida das pizzas, tanto as que eram distribuídas ao público como as que eram servidas ao júri. Bem à moda tradicional, as cores de Itália e a apresentação rústica dos pratos davam aquilo que muitos queriam ver: Nápoles inserido em pleno centro histórico do Porto.

A inaugurar a competição esteve Fábio Loureiro da Silva de Viseu, com a “Pizza Camponesa”. Munido de uma panóplia de ingredientes em que se incluem o tomate, a azeitona, a mozzarela e o molho de alho, o pizzaiolo de 27 anos assume que o evento foi sobretudo uma forma de aprender e de ter uma avaliação sobre o seu trabalho.

Paulo Vieira é do Porto, tem 32 anos e assume que “jogar em casa não é fácil, porque os adversários são bons”. Porém, a importância de demonstrar que em Portugal também se fazem pizzas de qualidade foi a motivação primordial para que entrasse na competição.

Já a pizza vegetariana de Daniel Baptista veio directamente de Vilamoura para a Invicta. O “mestre” de 25 anos tem como grande objectivo demonstrar que o Algarve também pode ser conhecido pelas pizzas.

Antonio Mezzero, organizador do Campeonato Nacional de Pizza e um dos mais conhecidos pizzaiolos do país, pretende demonstrar que “há pessoas em Portugal que estão a pôr as mãos na massa”. Uma arte de Itália, cada vez mais com carimbo e talento português.

Paulino Queirós, de Viana do Castelo arrecadou o prémio de  pizza com melhor sabor, enquanto Fernando Almeida, de Arcos de Valdevez subiu ao pódio na categoria de pizza com melhor aparência.
Texto editado por Ana Fernandes

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