Pai tatuador critica creche por discriminação

Um desabafo no Facebook e o caso de Clife Barbosa, tatuador e body piercer em Oeiras, está a dar que falar.

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Imagem na páginal no Facebook de Clife Barbosa DR

Em Setembro, Mel vai fazer cinco meses. Como tantos outros pais, Clife Barbosa, começou com alguma antecedência a procurar creche para a filha, para que nesse mês Mel já tivesse um lugar garantido.

Contactou uma instituição que, diz, tem 39 vagas: “Cerca de 30 são comparticipadas pela Segurança Social, outras nove não e a creche pede aos pais a mensalidade que considera ‘justa’ em função dos rendimento deles”, explicou Clife Barbosa ao PÚBLICO. A ele e à mulher, Bruna, a instituição terá começado por afirmar que sim, Mel teria uma vaga comparticipada. Depois, disseram-lhe “que não”, conta ainda Clife que acha que isso só aconteceu por causa das tatuagens que tem no corpo.

O relato é feito pelo próprio, ao telefone — por estes dias está fora, em férias, explica. A profissão de Clife Barbosa é ser tatuador e body piercer em Oeiras. À vista, nos braços, no peito e nos ombros, tem várias tatuagens — é o que se vê nas muitas fotografias que colocou na sua página do Facebook.

Nesta mesma página escreveu na quinta-feira um post que alastrou pelas redes sociais, e que está a ser notícia em vários outros meios de comunicação: “É com alguma tristeza que partilho isto com vocês”, começa. “Fomos contactados para uma reunião com a suposta educadora, afinal, qual não foi o nosso espanto, a reunião era com a directora que fez logo cara de nojo quando viu os meus braços. Durante a reunião sempre com a mesma expressão a olhar para mim, até comentou ‘pois essas tatuagens...’” Resultado, para já: 12 mil partilhas do seu post, mais de 600 comentários, muitos dos quais de pessoas que mostram a sua solidariedade com o tatuador.

“Por duas ou três vezes durante a reunião a directora referiu-se às minhas tatuagens. Para bom entendedor, meia palavra basta”, diz Clife ao PÚBLICO, recusando dar para já o nome da creche em causa. Diz que o fará muito em breve.

No final da reunião, prossegue, “a directora disse-nos que nem tinha olhado para as declarações de rendimentos que lhes tínhamos mandado por email — tinham-nas pedido com urgência” — e “apresentou-nos uma proposta de mensalidade acima dos nossos rendimentos”. No post no Facebook Clife escreve: “Era intenção não podermos pagar, para a Mel não ficar lá por eu estar tatuado!!”

Ao jornal i, Clife contou que na sequência do movimento que se tem gerado em torno do seu desabafo, até já lhe ofereceram outra vaga para a filha, noutra instituição.

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