Quatro meses para renovar 14 kms da linha do Vouga nas horas de expediente

Trabalhos só decorrem de segunda a sexta em hora de expediente. Passageiros usam autocarros ao serviço da CP.

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A Linha do Vouga está muito degradada e parcialmente encerrada Adriano Miranda

A Infraestruturas de Portugal (IE, que resultou da fusão da Refer com a Estradas de Portugal) iniciou recentemente os trabalhos de renovação na linha do Vouga, num troço de 14,3 quilómetros entre Águeda e Sernada do Vouga. Apesar de as obras decorrerem com a linha encerrada (o que obrigou a criar um serviço rodoviário de substituição), a empresa prevê que os trabalhos só decorram nos dias úteis e em período diurno.

Em resposta a perguntas do PÚBLICO, a IE diz que esta opção se destina a “minimizar os incómodos para a população decorrentes do inevitável impacto e ruído provocado pelos trabalhos”. A empreitada foi adjudicada à empresa Fergrupo por dois milhões de euros, aos quais acrescem os materiais de via no valor de 1,4 milhões de euros. Os “materiais de via” em causa, carris e aparelhos de via (vulgo agulhas), que vão ser instalados na linha do Vouga provêm de linhas férreas que já foram encerradas.

Segundo um comunicado da Refer, a intervenção agora em curso é “de carácter imprescindível pela situação última de fadiga em que se encontram todos os componentes da superestrutura de via e visa corrigir e mitigar os actuais riscos de descarrilamento, melhorar as condições de segurança das circulações ferroviárias e assegurar a fiabilidade da exploração”.

O mau estado em que a via se encontra implicava que os comboios estivessem limitados neste troço à velocidade máxima de 20 Km/hora. Após as obras, esta subirá para 50 Km/hora, embora os carris da linha da Lousã que ali vão ser instalados permitam velocidades da ordem dos 80 Km/hora. A Infraestruturas de Portugal, porém, diz que há que ter em conta a “sinuosidade do traçado nalguns pontos e o raio de algumas curvas”.

A obra em curso não tem prevista a eliminação nema  automatização de passagens de nível, projecto que só será concretizado numa fase posterior.

A linha do Vouga está hoje dividida em dois troços: Espinho – Oliveira de Azeméis e Aveiro – Sernada do Vouga. Um terceiro troço que liga Oliveira de Azeméis a Sernada de Vouga está desafectado da exploração comercial devido ao mau estado da linha que não permite velocidades superiores a 10 Km/hora.

Sendo das linhas mais degradadas da ferrovia portuguesa, autarcas e população têm reivindicado a sua modernização para padrões mais consentâneos com o século XXI, exigindo a sua electrificação com sinalização automática. Mas, à falta desse grande projecto sempre adiado, a agora IE vai renovando alguns troços evitando apenas que a linha feche. 

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