Sairá a Grécia do Real Madrid?

Quando foi colocada a hipótese de saída a Casillas e à Grécia (ambos em claro sub-rendimento face a épocas anteriores), há dois nomes que surgem de imediato, escritos quase com as mesmas letras. Pinto e Putin

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Andrea Comas/Reuters

São duas das tags que dominam as atenções das últimas semanas. Iker Casillas deixa o Real; Grécia pode deixar a Zona Euro. Já se sabe: quando se está no topo dificilmente se quer sair. Acontece a gestores, políticos, desportistas e até países. Entregam-nos a pulseira VIP, convidam-nos para os melhores eventos e, de um momento para o outro, avisam-nos de que “c’est fini”. Não é fácil.

Mas atentemos nas semelhanças dos dois casos. Primeiro, Casillas. Entra no Real em 90 e por lá fica, em grande nível, 25 anos. A Grécia chega à União em 81 (precisamente no ano em nasce Casillas), já lá vão 34. De Iker pensou-se que seria eterno e que terminaria a carreira no Santiago Barnabéu. Da Grécia, pela História e passado de ouro na construção da democracia e dos pilares da velha Europa, seria pura especulação imaginar um eventual abandono.

De Casillas conhecia-se o perfil complicado. Mourinho não hesitou em encostar o guarda-redes e promover Diego Lopez, numa manobra que não melhorou o ambiente do balneário. Casillas sempre teve forte influência no grupo de trabalho. Na Grécia, e neste novo Governo, esse espírito rebelde era encarnado por Varoufakis, ex-Ministro das Finanças. De estilo provocador e olhar galã, agitou o quanto pode os parceiros europeus, optando pela saída (inteligente, diga-se) no pós-referendo para facilitar o processo negocial.

Quando – e apanhando todos de surpresa – foi colocada a hipótese de saída a Casillas e à Grécia (ambos em claro sub-rendimento face a épocas anteriores), há dois nomes que surgem de imediato, escritos quase com as mesmas letras. Pinto e Putin. Futebol Clube do Porto e Rússia de imediato se posicionam para socorrer (e lucrar) com as duas perdas. O Porto numa clara manobra de marketing e num interessante exercício financeiro; a Rússia numa clara provocação à Europa, espreitando um eventual aliado estratégico do ponto de vista geopolítico.

As reações não se fizeram esperar. Do lado de Casillas, a sua troika foi implacável: o BCE Florentino Pérez não queria pagar os impostos; o Eurogroup Familiar criticou a opção para uma liga secundária; e mesmo a União Matrimonial informou de imediato que não trocaria Madrid pelo Porto. Quem sabe, e apenas, de segunda a sexta-feira.

Na contagem decrescente para uma resolução em Bruxelas, e com o ultimato para aprovação interna das medidas de austeridade ou saída permanente da Grécia, temo que o exemplo Casillas venha a inspirar os parceiros europeus e que Angela Merkel possa ainda sugerir a Atenas a opção Carbonero: uma saída da União ao fim-de-semana e uma aliança de segunda a sexta. A ver vamos quanto a Europa ainda ama o povo grego...

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