O estado do Estado entre pecados e pragas

Uma “nação” é uma “comunidade humana que possui identidade, mais ou menos forte, de origem, história, língua, costumes, religião”, mas também é uma “comunidade política autónoma, subordinada a um poder central e que ocupa um território com limites definidos”. Como sinónimos de “nação”, os dicionários registam “povo” e “Estado”.

Todos os anos, o Parlamento debate o “estado da nação”, ou seja, avalia o estado a que o Estado chegou. O de 2015 aconteceu na quarta-feira. Dantes, durava dois dias, mas a presença do chefe de Governo na Assembleia da República banalizou-se desde que o regimento parlamentar impôs debates quinzenais.

Em final de legislatura, o confronto entre Governo e oposição teve a “bênção” das Sagradas Escrituras. O PS acusou o Governo de “sete pecados capitais” e o primeiro-ministro responsabilizou-o por “dez pragas” deixadas ao país. O PCP lembrou que os partidos no Governo não souberam ser “insecticidas” e o PEV perguntou se o PSD não seria ele próprio uma “praga”.

Falou-se de desemprego, precariedade, pobreza, mapa judiciário, parcerias público-privadas, TGV, pactos de estabilidade e crescimento, défices orçamentais, BPN, troika e (claro) da Grécia.

Mantendo-nos no registo bíblico, “nações” pode significar “os pagãos” ou “os gentios”. Um dicionário regista as locuções pelas quais se designa S. Paulo: “Doutor das nações, apóstolo das nações.” Mas é do Brasil que, mais uma vez, nos chega a surpresa sobre o sentido da palavra que escolhemos para a semana que passou: “manada”.

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