“Isto é mais difícil do que parece”, confessa "aluna" de Garrett MacNamara

Garrett MacNamara esteve este sábado na Praia Internacional, do Porto, para fazer o baptismo de surf a crianças da região indicadas pelos projectos sociais em que se inserem. E o entusiasmo foi do tamanho das ondas da Nazaré.

Fotogaleria
Garrett MacNamara fez nascer o bichinho do surf a crianças que nem sabiam o que era uma prancha
Fotogaleria

Primeiro ele explicava, em inglês, em plena praia, com uma prancha de surf debaixo dos pés. Uma roda de crianças à volta dele observava com atenção aquela dança de movimentos, e ouvia, depois, a tradução.

“Primeiro estão deitados, depois levantam-se, procuram o equilíbrio, e é mais fácil se se baixarem”. Garrett MacNamara, o conhecido surfista norte-americano que pôs o canhão da Nazaré, e Portugal, nas bocas do mundo, esbanjava sorrisos. À sua volta não estavam só as crianças escolhidas através de parcerias com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Fundação da Juventude. Estava uma vasta equipa de monitores, e pessoal da empresa de animação responsável pela iniciativa, a Arebiri, sob o olhar atento da Porto Lazer, que pouco mais precisou de fazer do que saudar a iniciativa e escancarar as portas da praia, oferecendo as necessárias licenças.

As Garrett McNamara Surf Sessions já tiveram lugar noutros pontos do país, nomeadamente na Nazaré (“Como não podia deixar de ser”, admite Lino Bogalho, da Arebiri) e em Carcavelos. Chegaram este sábado ao Porto por iniciativa do surfista, consciente da “dinâmica que se regista na região”. A iniciativa de ontem não estava, sequer, contratualizada com o patrocinador oficial destas surf sessions (a marca de Cafés Buondi).

“Tem sido a Garrett, e a mulher, Nicole, quem estabelece calendários e localizações para estas iniciativas, respeitando sempre a concretização de três princípios que defendem: que tenha uma componente ambiental, que promova a economia do país e que tenha uma componente social, isto é, que crie oportunidades a franjas da população que normalmente não têm acesso a estas iniciativas”, conclui Bogalho.

É o caso de Vanessa Silva, uma jovem de 15 anos que estava muito longe de imaginar que numa manhã de sábado estaria numa praia do Porto a experimentar pôr-se de pé em cima de uma prancha. “Isto é mais difícil do que parece”, confessou ao PÚBLICO à saída do mar após a primeira tentativa, em que não se conseguiu levantar. “Eu só tinha de me deitar bem no meio da prancha. E quando o monitor que a ia a empurrar por trás me dissésse agora, eu tinha de me pôr de pé. Não consegui”, revela frustrada, enquanto se enfileira para as próximas tentativas.

Vanessa vive no bairro das Areias, em Rio Tinto, concelho de Gondomar, e admite que nunca tinha ouvido falar de MacNamara. “Não faço ideia de quem é!” Quem a desafiou para passar a manhã na praia foi Jorge Oliveira, treinador de futsal e gestor do projecto “A escolha é tua”, inserido no programa nacional Escolhas, que também está em curso no Centro Social de Sousela. “Esta é uma boa oportunidade para crianças em contexto de risco passarem um dia diferente. Lançámos o desafio e tivémos entusiasmo na resposta”, explica.

Não era preciso mencionar o entusiasmo. Ele via-se. Se o mister, como as crianças chamavam a Jorge Oliveira - achava que a água estava fria, e dizia que ia experimentar o surf outro dia, os miúdos de todas as idades (a iniciativa era recomendada para crianças acima dos seis anos, mas Rodrigo Fidalgo, o mais entusiasta de todos, só tinha quatro) diziam que a água estava muito boa, e só pensavam na hora de tentar subir para cima da prancha outra vez. 

MacNamara coordenou duas sessões de aulas gratuitas. A primeira, para crianças selecionadas por parceiros da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e a segunda para todos os interessados que se conseguissem inscrever. As 30 vagas esgotaram rapidamente. “Com esta iniciativa pretendo, sobretudo, partilhar o meu amor pelo oceano, e dar uma oportunidade a alguns jovens para, pela primeira vez, terem contacto com um desporto que é muito saudável e divertido”, disse ao Público Garrett MacNamara. E mais não disse que miúdos e graúdos apareciam de todo o lado, de máquina fotográfica ou de caneta e papel em punho a pedir uma recordação do recordista. Lino Bogalho já havia avisado: “Só há tempo para duas sessões de aulas, porque o Garrett é muito solicitado para autógrafos”. Confirmado.

Sugerir correcção
Comentar