Para os pais de Casillas, “um campeão do mundo não pode acabar no FC Porto”

Numa entrevista ao jornal El Mundo, a mãe do guarda-redes espanhol compara o FC Porto a uma equipa da 3.ª Divisão e afirma que o filho enfrentou “pressão psicológica” dentro do clube madrileno.

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Casillas "foi vilipendiado nos últimos cinco anos" no Real, acusa a mãe REUTERS/Andrea Comas

José Luis e Mari Carmen foram por certo os primeiros a perceber o talento do filho. Aos 9 anos, quando Casillas entrou no Real Madrid, os pais gastavam 25 mil pesetas – cerca de 150 euros por mês – para o manter a treinar. Agora, estão desiludidos não só com a saída de Casillas para um clube como o FC porto, mas também com a forma “injusta” como o filho foi tratado nos últimos anos no Real Madrid, sobretudo pelo actual presidente Florentino Pérez.

“O Iker aguentou uma pressão psicológica, um tratamento diferente dos outros jogadores. Foi vilipendiado nos últimos cinco anos e foi tudo muito injusto”, afirma a mãe. No Bernabéu, Casillas já não era uma figura unânime do madridismo desde que José Mourinho o tornou em suplente ocasional da baliza merengue. Em Espanha diz-se que foi a partir daqui que Casillas começou a perder confiança nas suas capacidades e a cometer mais erros. Empurrado pelo Real para a saída, Casillas foi desejado no FC Porto, em especial pelo técnico Julen Lopetegui, também ele um antigo guarda-redes, que lhe ligou pessoalmente para o convencer. 

Numa entrevista ao El Mundo, o pai do guarda-redes, José Luis, mostrou-se receoso de que a mudança na carreira do filho possa significar um final em queda: “Só não quero que acabe a esfregar sanitas como aquele campeão do mundo alemão (Andreas Brehme) ou arruinado com o Vitor Baía”.

Casillas deixa o Real Madrid como o segundo jogador com mais jogos da história dos merengues (725), a 16 dos 741 de Raúl González, e com 18 títulos no currículo: cinco campeonatos, duas Taças do Rei, três Ligas dos Campeões, quatro Supertaças de Espanha, duas Supertaças europeias, uma Taça Intercontinental e um Mundial de clubes. Na selecção espanhola, em que é o mais internacional de sempre (162 jogos), conquistou dois títulos europeus e um mundial.

A mãe, Mari Carmen, preferia ver o filho num clube como o Barcelona: “O FC Porto? Por amor de Deus. Quando saiu a notícia de que estava a procurar casa em Roma telefonei-lhe e disse-lhe ‘o que estás a fazer? Não vais’. Agora imaginem para o FC Porto. É uma equipa da Segunda B [3.ª Divisão] para alguém da categoria do Iker. Um campeão do mundo não pode acabar no FC Porto. Podia ter acabado onde quisesse, e não me importava que tivesse ido para o Barcelona onde são uns senhores”. Utilizando uma expressão espanhola, a mãe remata: “Mandaram-lhe uma 'vaporeta' em vez de uma 'máquina a vapor'".

Iker Casillas vai ganhar 14 milhões de euros líquidos nas duas próximas épocas, com o Real Madrid a pagar oito milhões e os impostos correspondentes. Ao FC Porto caberá a fatia de cinco milhões, mais impostos. Haverá ainda a opção por uma terceira época, em que o guardião poderá ganhar dez milhões de euros brutos.

Menos duro nas palavras, o pai do guarda-redes espanhol reconhece valor à equipa portista mas ainda assim preferia ver o filho num clube como o Manchester United ou o Paris Saint German. Inspirando pela democracia grega, Jose Luis diz que deveriam ser os fãs a decidir o destino de Iker: “Façam um referendo entre os sócios como fizeram na Grécia. A ver o que dizem.” 

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