A grande esperança do futebol de Barbados trouxe a maior desilusão

FIFA afastou a selecção caribenha da qualificação para o Mundial 2018 por causa da utilização irregular de um jogador.

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Hadan Holligan, de amarelo e azul, levou ao afastamento da selecção de Barbados do apuramento para o Mundial 2018 DR

Estes podiam ser dias de expectativa em Barbados, quando faltam duas semanas para o sorteio preliminar do Campeonato do Mundo de 2018, na Rússia. Muito vai ficar definido no que diz respeito à qualificação para o torneio, como por exemplo os grupos da zona europeia. Mas também o alinhamento da terceira ronda de qualificação na CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas) – no qual, porém, a selecção amarela e azul já não consta. A equipa de Barbados foi penalizada pela FIFA devido à utilização irregular de um futebolista diante de Aruba, na segunda mão da eliminatória anterior.

O homem em causa é Hadan Holligan, médio atacante que alinha no campeonato de Barbados pelo Weymouth Wales FC e, segundo o site da federação local, tem 19 anos. “O castigo está relacionado com o facto de o futebolista barbadense Hadan Holligan não ter cumprido o jogo de suspensão automática por ter acumulado dois cartões amarelos”, podia ler-se no comunicado da FIFA, que aplicou a Barbados uma derrota administrativa (0-3) e também uma multa de 6000 francos suíços (5725 euros).

Na prática, a decisão significou o fim prematuro para o sonho de Barbados chegar ao seu primeiro Mundial. Em campo, a selecção amarela e azul tinha-se superiorizado a Aruba, com 2-0 na primeira mão, no terreno do adversário, e 1-0 no jogo em casa. O golo da segunda vitória, que não chegou a valer, foi marcado precisamente por Holligan. Mas a FIFA estava atenta: a derrota administrativa decidiu a eliminatória a favor de Aruba. Foi um esforço inglório para a jovem promessa do Weymouth Wales FC, requisitado não só pela selecção principal mas também pelas equipas dos escalões jovens (poucos dias depois, alinharia pela selecção olímpica contra o Haiti).

Em jeito de assunção da culpa, a federação de futebol de Barbados nem chegou a escrever uma linha no seu site oficial sobre o castigo e o afastamento da qualificação para o Mundial 2018. Foi mais uma despedida precoce da selecção que, há 15 anos, chegou a alimentar o sonho de estrear-se no Campeonato do Mundo. Na corrida para o Mundial 2002, a equipa nacional de Barbados foi galgando barreiras (superou Grenada, Aruba e, no desempate por grandes penalidades, Cuba), garantindo um lugar entre os mais fortes, nas meias-finais do torneio de apuramento da CONCACAF.

O sorteio ditaria adversários de respeito para a selecção barbadense – EUA, Guatemala e Costa Rica – mas a primeira jornada do Grupo 3 até acabou com Barbados na liderança. A equipa recebeu e venceu a Costa Rica por 2-1, num dia memorável para o futebol local. Na selecção adversária alinhava Paulo Wanchope, um dos mais reconhecidos futebolistas da Costa Rica, que passou pelo Manchester City (e actualmente é o seleccionador nacional).

Os barbadenses não se atemorizaram com o estatuto dos opositores e impuseram-se com os golos de Alexander Riley e Michael Forde, escrevendo uma página histórica. Mas que acabou por ser exemplar único: seguiram-se cinco derrotas consecutivas, que ditaram a eliminação de Barbados. A selecção caribenha só marcaria mais um golo e sofreu 19 nas restantes partidas.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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