Estado pondera executar a dívida de 500 milhões à Galilei

Francisco Nogueira Leite, presidente da Parvalorem, já escreveu à empresa ex-SLN a solicitar o fim da guerra entre accionistas e gestores.

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AFP PHOTO/ JOAO CORTESAO

A Parvalorem, que gere os activos tóxicos do ex-BPN, está a equacionar executar a dívida de 500 milhões de euros da Galilei, que agrupa os interesses dos accionistas da ex-Sociedade Lusa de Negócios (SLN), caso não haja uma clarificação da governação da sociedade num curto espaço de tempo.

Para a próxima segunda-feira, dia 13 de Julho, está agendada uma reunião geral de accionistas, para nomear a nova gestão que vai substituir a de Fernando Lima. 

Cerca de sete anos depois da nacionalização do grupo BPN, trava-se um braço-de-ferro entre accionistas e gestores da Galilei que está a gerar grande instabilidade e a preocupar a Parvalorem, que se constituiu como credor privilegiado da empresa que herdou as dívidas da SLN ao banco.

A situação já levou Francisco Nogueira Leite, à frente do veículo estatal, a escrever à empresa para que encontre um quadro que estabilize a governação e assegure o desenvolvimento dos projectos empresariais, em particular, os que estão a garantir os créditos reclamados pelo Estado.

Em causa estão dívidas da ex-SLN, agora Galilei, ao BPN de 1100 milhões de euros, mas apenas 475 milhões dispõem de garantias certificadas associadas a herdades, a projectos imobiliário, ao grupo português de saúde e a unidades fabris.

Os restantes 600 milhões são créditos contraídos por sociedades off-shores que se considera da esfera Galilei, mas que esta não reconhece. Dado que as suas competências a impedem de gerir ou vender activos, o plano de recuperação negociado entre a Parvalorem e a Galilei prevê um período de 15 anos para que o património possa ser rentabilizado e as responsabilidades liquidadas. 

Na origem do impasse que se arrasta há vários meses está uma guerra fratricida travada entre grupos de accionistas, liderados por José Queiroga Figueiredo, Fernando Cordeiro e Joaquim Coimbra e a equipa do advogado Fernando Lima (Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano no exercício das suas funções), que tem governado a empresa desde 2009 mas que está neste momento demissionário.

Estão em cima da mesa várias denúncias: o capital acusa a gestão de não ter desenvolvido os projectos empresariais como planeado por falta de profissionalismo; e os gestores demissionários alegam que a situação financeira está equilibrada e que os investidores prosseguem interesses particulares. Para além de activos em Portugal, a Galilei tem interesses em Angola, do sector imobiliário (SIMOINVEST) ao petrolífero (ACREP - Exploração Petrolífera) e aos cimentos (Cimentos Nacionais de Angola).

O clima de confronto aberto já levou ao adiamento, por duas vezes, da assembleia geral (AG) da Galilei, que esteve agendada para 27 de Maio para aprovar contas (prejuízos de cerca de um milhão) e decidir sobre a nova gestão.

O encontro acabou suspenso para ser retomado a 22 de Junho, altura em que Fernando Lima e a sua equipa renunciaram aos cargos. Após segunda interrupção, a AG irá prosseguir na próxima segunda-feira, dia 13 de Julho, pelas 10h, num hotel ligado ao grupo, na Costa da Caparica.

Espera-se que nesse dia seja nomeada a nova gestão que pacifique os ânimos internos. Um dos nomes que já foi mencionado para substituir Fernando Lima, foi o de Miguel Relvas, o ex-ministro de Passos Coelho. Uma informação que Relvas negou ao PÚBLICO, rindo-se. 

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